Mais de 61 mil moradias foram danificadas por desastres no RS e prejuízos superam R$ 6 bi, diz CNM

Confederação Nacional de Municípios estima que mais da metade do valor de perda econômica é correspondente a danos a residências

 

Os Municípios do Rio Grande do Sul afetados pelos temporais no Estado desde o fim de abril já contabilizam R$ 6,3 bilhões de prejuízos financeiros, sendo o maior montante, de R$ 3,4 bilhões, referente aos danos em habitações. Até o momento, foram registrados impactos em 61,4 mil habitações, das quais 55,2 estão danificadas e 6,2 mil destruídas.

É o que revela o levantamento mais recente da Confederação Nacional de Municípios (CNM). A entidade reforça que os dados são parciais, uma vez que as gestões locais enfrentam dificuldades de inserir as informações no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.

A tragédia já soma 107 mortes confirmadas, de acordo com os dados coletados até a manhã desta quinta-feira (9). De 497 municípios no estado, 425 foram afetados pelas enchentes. No total, mais de 1,47 milhão de pessoas foram afetadas pela tragédia climática. O número representa mais de 85,5% de todo o Estado. Há ainda 232,1 mil pessoas fora de casa. Os abrigos do estados já reúnem 67.542 cidadãos e 164.583 estão desalojados (pessoas que estão nas casas de familiares ou amigos). Trezentos e setenta e quatro pessoas ficaram feridas e 136 estão desaparecidas.

Prejuízos

Do total de 6,3 bilhões em prejuízos, R$ 1,9 bilhão é referente ao setor público, e R$ 1 bilhão, ao setor privado. A maioria dos prejuízos refere-se ao setor habitacional, com perdas de R$ 3,4 bilhões e 61,4 mil casas danificadas ou destruídas. No setor público, o cálculo é de R$ 1,4 bilhões de prejuízos apenas em obras de infraestrutura (pontes, estradas, calçamento, sistemas de drenagens urbanas) e de R$ 351 milhões de perdas ligadas a danos materiais (instalações públicas como escolas, hospitais, prefeituras).

No setor privado, a área mais afetada é a agricultura, com prejuízo estimado de R$ 595 milhões. A pecuária tem perdas de R$ 148 milhões. Na indústria, o prejuízo chegou a R$ 183 milhões. Em seguida aparecem demais serviços (R$ 58 milhões) e comércios locais (R$ 39 milhões).

Já o Sebrae do Rio Grande do Sul estima que 600 mil micro e pequenas empresas (MPEs) foram afetadas pelas chuvas e alagamentos. O dado representa 40% do total de 1,5 milhão de MPEs do Estado. “Estávamos em uma reunião com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado para elaborar uma metodologia de diagnóstico nas empresas. A pesquisa deve ser colocada em ação a partir de amanhã [hoje] e já haverá divulgação para que o micro, pequeno, médio e grande empresário possa responder”, diz Ariel Fernando Berti, diretor do Sebrae no Rio Grande do Sul.

A nova pesquisa, explica Berti, deve ajudar instituições financeiras e bancos a avaliar linhas de créditos para esses setores afetados, pois divulgará números sobre o impacto real das perdas e prejuízos dos empresários. Segundo ele, a prioridade nesse momento é em salvar vidas, reestabelecer sistemas básicos e garantir segurança para todos que estão nos locais mais afetados. “Estamos com uma série de pessoas fora de suas casas e em comunidades completamente devastadas e sem contato com outras regiões, quedas de pontes ou problemas com as estradas. A prioridade é salvar vidas”, relata.

A volta da chuva e de ventos fortes à região de Porto Alegre nesta quarta-feira (8) fez a prefeitura paralisar o resgate das vítimas das enchentes histórica no Rio Grande do Sul. A Defesa Civil, contudo, já se prepara para uma nova frente fria que deve chegar ao Estado nesta sexta-feira (10), provocando tempestades quase tão fortes como as da passada. E nas mesmas regiões já destruídas.

A estimativa agora é que de sexta até a próxima segunda (13) chova até 330 mm em Porto Alegre. A previsão indica que, nesse período, a chuva com maior intensidade deve ocorrer entre o centro-norte e o leste gaúcho, incluindo o litoral norte do Estado e o sul de Santa Catarina. Nessas regiões o volume de chuva deve variar entre 200 mm e 300 mm. Para esta quinta (9), o Inmet já prevê tempo frio e seco no sul do Rio Grande do Sul, com temperaturas mínimas variando de 4°C a 8°C.

(Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini)

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