Henrique Acker (*) – Centenas de migrantes (441) morreram nos primeiros três meses de 2023, na tentativa de travessia do mar Mediterrâneo Central. Os números só são inferiores aos anos de 2015 (456) e 2017 (742). É o que informa a Organização Internacional para as Migrações (OIM), órgão da ONU.
Desde 2014 foram registrados mais de 20 mil mortes de migrantes pela rota do Mediterrâneo Central, considerada a mais perigosa do Mundo. A OIM faz apelos às autoridades dos países da região (sobretudo Itália e Malta) para reforçarem as operações de busca e salvamento.
“Naufrágios invisíveis”
Na maioria dos casos são embarcações precárias e superlotadas de migrantes da África e Oriente Médio, que procuram refúgio dos conflitos de seus países e melhores condições de vida na Europa. Boa parte deles enfrentam dias à deriva e desaparecem nas águas do Mediterrâneo. São os chamados “naufrágios invisíveis”, em que os pedidos de socorro não recebem qualquer resposta por parte das autoridades marítimas.
O principal ponto de partida é na Líbia, Norte da África. São embarcações limitadas, barcos pesquieros e até botes, muitas das quais sem banheiros e com acomodações impróprias para transporte de passageiros. Quando resgatados, os embarcados geralmente encontram-se desnutridos, desidratados e com doenças. Sem contar os que são encontrados mortos.
Em 2022, até o mês de agosto, foram identificados quase 680 000 migrantes de mais de 41 nacionalidades pela OIM na Líbia. Destes, 89 % eram adultos e 11 % crianças. A maioria dos migrantes era do Níger (24%), do Egito (21%), do Sudão (19%), do Chade (13%) e da Nigéria (4%). Em média, cada um deles desembolsava o equivalente a 919 dólares pela travessia.
Itália quer repatriar migrantes
O número de mortes continua a aumentar, juntamente com as estatísticas globais de migração no Mediterrâneo. Em 11 de abril, o governo de extrema-direita da Itália declarou o Estado de Emergência migratório por seis meses, em função do elevado número de chegadas por mar. O país recebeu mais de 31 mil migrantes desde o início do ano, quatro vezes mais do que no mesmo período de 2022.
A medida inclui um aumento de estruturas para o repatriamento de migrantes que não tenham direito a permanecer na Itália. A abertura de novos Centro de Permanência para o Repatriamento (CPR) facilitará às autoridades as atividades de identificação e deportação. (Foto Reuters)
(*) Henrique Acker – Correspondente Internacional