Maioria quer ver Bolsonaro preso por atos golpistas

De acordo com o instituto AtlasIntel, 52% responsabilizam Bolsonaro pelas invasões, contra 44% que não atribuem responsabilidade a ele

 

Passado um ano dos atos golpistas de 8 de Janeiro, quatro a cada cinco brasileiros reafirmam a confiança no Estado Democrático de Direito. De acordo com a pesquisa AtlasIntel divulgada nesta segunda-feira (8), a maioria dos também considera o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) responsável pelos atos golpistas que culminaram nas invasões do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) e avaliam que ele deveria ser punido pela Justiça.

Atualmente, 74% dizem discordar dos ataques bolsonaristas, enquanto15% afirmam concordar. Outros 11% não têm opinião a respeito. Na comparação com a pesquisa de um ano atrás, houve oscilações dentro da margem de erro. Em contrapartida, cresceu de 53% para 59% o número de brasileiros que consideram a invasão “completamente injustificada”.

A associação direta de Bolsonaro ao 8 de Janeiro continua majoritária. Para 52%, o ex-presidente é “responsável pela invasão do Congresso, do Palácio do Planalto e do STF”. De acordo com a sondagem, 53,4% deveria ser preso por ser o mentor dos atos antidemocráticos. Na visão de 53,1%, ele também deveria ficar inelegível como pena para esses crimes – enquanto 14,2% defendem que pague uma multa e 9,6% que ele sofra outra punição. Neste caso, a soma é superior a 100% porque é possível escolher mais de uma alternativa.

As percepções sobre a gravidade do 8 de Janeiro são mais difusas: 43,3% dizem que a democracia correu grande risco, 27,7% afirmam que não houve risco nenhum e 15,9% creem que a democracia correu “algum risco, mas não tão alto”. Convergência há mesmo no apoio à democracia. Quase 60 anos após o Golpe de 64 – e passados 39 anos da redemocratização –, a ditadura militar parece não ter deixado saudade. Entre os entrevistados, 80% apoiam a democracia “para governar o Brasil”, 12,7% preferem outro sistema e 7,3% não sabem.

A pesquisa entrevistou 1.200 pessoas entre domingo (7) e a segunda-feira (8), por meio de recrutamento digital aleatório (entrevistas online). A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. A reprovação e aprovação do 8 de janeiro oscilaram dentro da margem de erro na comparação com os resultados da rodada da pesquisa realizada em janeiro do ano passado. Naquela ocasião, 76% discordavam das invasões dos prédios dos Três Poderes, enquanto 15% concordavam. Agora, são 74% e 15%, respectivamente.

Durante seu mandato, Bolsonaro colocou em dúvida diversas vezes o sistema eleitoral brasileiro e a confiabilidade das urnas eletrônicas, cuja segurança já foi atestada por especialistas e entidades. Segundo a AtlasIntel, 57% dos eleitores acreditam que Lula (PT) teve mais votos que Bolsonaro na eleição de 2022, contra 38% que responderam que o petista não foi mais votado do que o candidato derrotado.

O instituto também perguntou se as invasões dos prédios públicos por apoiadores de Bolsonaro foram justificadas: 59% disseram que o ato foi completamente injustificado, 15% consideram apenas parcialmente justificado e 13,6% completamente justificado. Questionados sobre qual foi a principal razão do ato golpista, 34,2% apontaram o fanatismo político e a polarização. Outros 20,8% citaram fraude eleitoral e 18,8% “tentativa de golpe de Estado”. Também foram mencionados manipulação de terceiros (12,12%) e patriotismo (2,4%).

Apesar da discordância da maioria da população sobre o 8 de Janeiro, a maior parcela da população, 42,8%, acredita que os manifestantes que invadiram os prédios dos Três Poderes foram punidos de forma exagerada. Por outro lado, 36,1% avaliam que a Justiça agiu de forma adequada e 14,2% que as punições foram insuficientes.

Ao mesmo tempo, 43,3% avaliam que a democracia brasileira correu grande risco com as invasões; 27,7% que não correu nenhum risco; e 15,9% que correu algum risco, mas não tão alto. Quatro em cada cinco entrevistados (80%) defendem a democracia como forma de governo para o Brasil, enquanto 12,7% preferem outro sistema político. Outros 7,3% não souberam responder.

(Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

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