Lula volta a atacar Campos Neto: ‘é um adversário político, ideológico e do nosso modelo de governança’

Semana foi marcada por sucessivas críticas do chefe do Executivo ao presidente do Banco Central. Presidente ainda afirmou que, com a saída de Campos Neto do BC em dezembro, as coisas “vão voltar ao normal”

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, nesta sexta-feira (21), ao afirmar em entrevista que vê o titular como um adversário “político, ideológico e do modelo de governança”.

“A desvalorização do real não preocupa o governo, pois quando você é governo e tem um problema preocupante, você tenta mudar esse problema”, disse o presidente à rádio maranhense Mirante News FM, em São Luís. “Já fui eleito presidente há 1 ano e 7 meses. O presidente do BC é um adversário político, ideológico e do modelo de governança que fazemos”, disse Lula.

O chefe do executivo ainda falou que está chegando o momento de trocá-lo por outra pessoa, referindo-se ao fim do seu mandato como presidente do BC no final de 2024. “Ele foi indicado pelo governo anterior e faz questão de dar demonstração de que não está preocupado com a nossa governança, ele está preocupado é com o que ele se comprometeu”, disse.

A semana foi marcada por sucessivas críticas do chefe do Executivo a Campos Neto. Nos últimos dias, Lula disse que o presidente do BC “tem lado” e não demonstra “capacidade de autonomia”. “Está chegando o momento de trocar, vamos ter que tirar ele e colocar outra pessoa, e eu acho que as coisas vão voltar à normalidade, porque o Brasil é um país de muita confiabilidade. Esse nervosismo especulativo que está acontecendo não vai mexer com a seriedade da economia brasileira”, completou Lula.

Na quinta-feira, Lula também lamentou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano, após sete cortes consecutivos iniciados em agosto do ano passado, quando a taxa estava em 13,75%. A decisão do Copom acerca da manutenção da taxa básica de juros aconteceu na quarta-feira. Mesmo os diretores indicados por Lula, que vem pedindo juros mais baixos, votaram pela interrupção do ciclo de cortes.

Na quarta-feira, antes da reunião do Copom, a tensão no mercado fez o dólar chegar a R$ 5,48. Mas a moeda acabou perdendo fôlego e fechou a R$ 5,44. Ainda assim, foi o maior patamar desde janeiro de 2023. Com as falas de Lula, o dólar reverteu a queda registrada na abertura do pregão dessa quinta-feira, e fechou o dia em R$ 5,46. Após o Copom anunciar sua decisão, especialistas acreditavam que a manutenção da taxa de juros em 10,50% daria alívio à moeda americana, que, nos últimos dias, vinha registrando altas consecutivas, acumulando valorização de mais de 12% no ano.

(Foto: Ricardo Stuckert PR/Banco Central)

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