Lula sela aproximação com Congresso e enterra impeachment após encontro com Lira e líderes

Ministros do governo também participaram de encontro que tem como objetivo melhorar a articulação para aprovar pautas de interesse no Congresso

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou, na noite desta quinta-feira (22), um “happy hour” com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e lideranças de partidos da base do governo. O encontro, que aconteceu no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, também contou com os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais); Fernando Haddad (Fazenda); Luciana Santos (Ciência e Tecnologia); Paulo Pimenta (Comunicação Social); e Rui Costa (Casa Civil).

O encontro foi útil ao governo para alinhar e apaziguar a relação com setores da Câmara, como o Centrão. E a presença do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), significou que o pedido de impeachment dos bolsonaristas, protocolado também ontem, não irá a lugar algum. Lira tocou nesse assunto com deputados do PT e igualmente com Lula,mas a referência ao tema foi breve. Não se deu muita atenção à iniciativa da deputada Carla Zambelli (PL-SP), autora do pedido, e que coletou assinatura de 142 colegas, segundo anunciou, e que estão sendo conferidas no protocolo.

O clima ameno da reunião foi garantido horas antes, com o anúncio feito pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, da aceitação e concordância pelo  Planalto da instituição de um calendário para liberação de emendas parlamentares. Até 30 de junho, o governo irá liberar mais de R$ 14 bilhões de emendas, que irão direto para os caixas das Prefeituras das bases aliadas de deputados e senadores.

Após o encontro, o líder do PSB na Câmara, deputado Gervásio Maia (PB), disse que Lula agradeceu o desempenho dos deputados ao longo de 2023 e prometeu manter um diálogo maior com o Congresso. “Ele [Lula] vai manter uma proximidade maior, vai dialogar mais, vai ser meio que uma rotina pra poder estar dialogando mais de perto, entender o que acontece em cada região do deputado”, disse o deputado.

Pautas prioritárias para o governo, no entanto, não foram debatidas. Segundo o líder, medidas específicas serão discutidas com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na próxima semana. “A gente não entrou em detalhes [de pautas]. Na próxima semana deve acontecer uma reunião com o ministro Haddad. Nessa reunião é que a gente vai ter a oportunidade de detalhar um pouco mais essas questões todas e buscar, para os temas mais polêmicos, uma saída, que seja uma saída que atenda aquilo que o país possa realmente suportar”, explicou o líder.

Além do encontro desta quinta, o presidente escalou os ministros Rui Costa e Alexandre Padilha para intensificar o diálogo com o Legislativo. Na última terça (20), Rui Costa se reuniu com Lira na residência do presidente da Câmara. O encontro rápido, de apenas 20 minutos, foi um dos primeiros após Lula escalar o ministro da Casa Civil para ser o principal interlocutor do Planalto com Lira.

O canal foi sugerido por Lula já que, nos últimos meses, o presidente da Câmara tem tido uma série de embates com o ministro Padilha, responsável pela articulação política com o Parlamento. Lira tem criticado o trabalho feito pelo ministro e tem pedido uma reestruturação na coordenação política do governo. Em outro movimento, na quarta (21), Padilha almoçou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Durante a agenda desta quinta, o presidente Lula deve enfatizar a articulação com os deputados para conseguir aprovar a pauta econômica do governo ainda no primeiro semestre. O Planalto se organiza para acelerar a aprovação de pautas consideradas prioritárias, já que as eleições municipais de outubro deve esvaziar o Congresso no segundo semestre.

A reunião também ocorre em meio às negociações sobre a reoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia brasileira. Nesta semana, Pacheco afirmou que o governo concordou em rediscutir o tema por meio de um projeto de lei. Atualmente, a reoneração da folha é tema de uma medida provisória.

(Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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