A data escolhida para a “celebração” é o segundo domingo do mês de junho. Pacote ainda reconhece as manifestações artísticas cristãs e a influência do cristianismo na cultura nacional
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou duas novas leis que fortalecem a relação do governo com o público evangélico no Brasil: uma que institui o Dia Nacional da Pastora e do Pastor Evangélico e outra que reconhece as expressões artísticas cristãs. Ambas foram aprovadas pelo Congresso Nacional e publicadas no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (16).
Fica estabelecido com a determinação que o Dia da Pastora Evangélica e do Pastor Evangélico será celebrado, anualmente, no segundo domingo do mês de junho — mas sem ser feriado nacional. A partir de agora, também são legalmente reconhecidas as expressões artísticas cristãs e as influências do cristianismo, além de seus aspectos religiosos, como manifestação cultural brasileira (Lei nº 14.969) .
Essas medidas são vistas como parte de uma estratégia do governo Lula para se aproximar dos evangélicos, grupo que tem demonstrado alto índice de rejeição ao PT. Em uma tentativa recente, em agosto deste ano a Fundação Perseu Abramo, braço teórico do PT, também elaborou uma cartilha para orientar o diálogo de candidatos do partido com religiosos na eleição municipal deste ano. O partido enfrenta nos últimos anos dificuldades para se conectar com esse segmento.
O governo Lula também não obteve até agora sucesso em iniciativas voltadas para esse público, que faz uma avaliação pior da gestão petista do que a média da população. O material de nove páginas, com citações de várias passagens bíblicas, destaca que não deve haver exagero em falar o nome de Deus.
A cartilha tenta aproximar o partido dos evangélicos ao optar por um texto na primeira pessoa do plural. “Nós, os evangélicos, somos parte da grande diversidade brasileira e, assim, também somos plurais entre nós mesmos, tanto no que diz respeito à fé (baseada na livre leitura e interpretação da Bíblia), quanto às nossas preferências políticas”, afirma.
O texto diz que os membros das igrejas evangélicas “participaram de vários momentos marcantes do país, inclusive da fundação do Partido dos Trabalhadores, que atualmente possui um núcleo evangélico atuante na maioria dos estados do país.” Também destaca que “politicamente, um dos principais elementos de união entre os evangélicos, é a defesa da liberdade religiosa”.
O texto recomenda lembrar que o PT criou, durante os governos anteriores de Lula, a Lei da Liberdade Religiosa e o Dia Nacional da Marcha para Jesus, maior encontro do segmento — o presidente não foi ao evento, mas enviou representantes e uma carta.
(Foto: Ricardo Stuckert)