A 62ª Cúpula do Mercosul e Países Associados está marcada para o dia 4 de julho, em Puerto Iguazú, na Argentina. Gestão brasileira focará na integração regional sul-americana e nas negociações extrarregionais, como os ajustes no acordo comercial entre Mercosul e União Europeia
O Brasil tomará posse na próxima terça-feira (4), durante a cúpula de chefes de Estado do Mercosul, em Puerto Iguazú, na Argentina, da presidência rotativa do bloco econômico. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) receberá o comando temporário do bloco, com mandato de seis meses, perdurando até a próxima cúpula, que deve ocorrer em dezembro.
Lula e os presidentes dos outros países-membros — Argentina, Paraguai e Uruguai — se reúnem na cúpula na terça. Ainda na segunda-feira (3), está marcado um compromisso entre os ministros da Fazenda e presidentes dos bancos centrais das quatro nações. Representantes do Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, devem indicar representantes para comparecer o evento, pois terão compromissos em Brasília na data, de acordo com fontes extraoficiais.
De acordo com a embaixadora Gisele Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, a prioridade da gestão brasileira à frente do Mercosul será ampliar os esforços na integração regional sul-americana, ampliando para além do contexto dos quatro países-membros do bloco, e incluindo as 12 nações do continente. “O processo não pode ser apenas um processo de governo, ele precisa ser um processo que a sociedade reconheça também como válido”, disse Padovan sobre a inclusão da sociedade civil no projeto de integração do continente. A embaixadora explicou que o Mercosul realiza diálogos com a República Dominicana e El Salvador, e está em processo de implementação com Chile e Colômbia. A Bolívia está em fase de adesão ao bloco.
O Ministério das Relações Exteriores também informou na quinta que o presidente Lula deverá propor na Cúpula do Mercosul que sejam feitos “ajustes” no acordo comercial negociado entre o bloco e a União Europeia. A informação foi dada pelo secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, Maurício Lyrio, em uma entrevista coletiva sobre a participação de Lula durante a posse na presidência do Mercosul na Cúpula do bloco.
O acordo entre o Mercosul e a União Europeia é negociado desde 1999. Em 2019, foi finalizada a parte comercial e, desde 2020, o acordo está em revisão. Em janeiro, o bloco europeu apresentou um documento adicional, que prevê sanções, o que foi chamado por Lula de “ameaça”. “A posição do presidente […] para a cúpula é a reafirmação do interesse brasileiro em seguir com a agenda externa do Mercosul, a necessidade de fazer ajustes, como ele já tem enfatizado nos textos recebidos e negociados entre Mercosul e União Europeia”, afirmou o secretário do Itamaraty.
Segundo ele, Lula buscará dar uma “clara sinalização política” de que há interesse em avançar nos acordos. “E chegar a um bom resultado e equilibrado e adequado a todas as partes. Então, essa é a mensagem que o presidente Lula deverá levar”, completou.
(Foto: Ricardo Stuckert/PR)