Lula pede diálogo da base aliada com quem não gosta do governo

‘Tem que conversar com quem não gosta da gente’, disse o presidente ao lembrar das dificuldades nesta semana para a aprovação na Câmara e no Senado da medida provisória que organiza a estrutura ministerial do governo federal.

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (2), durante inauguração do prédio do laboratório da Universidade Federal do ABC Paulista (UFABC), em São Berardo do Campo, que a esquerda tem no máximo 136 votos na Câmara e que o governo precisará conversar com adversários se quiser aprovar matérias simples na Casa. O recado foi dado ao se referir à semana em que ele precisou ir a campo pessoalmente para aprovar medidas de interesse do Executivo, como a Medida Provisória (MP) que reorganiza a Esplanada dos Ministérios. “A esquerda toda tem no máximo 136 votos, isso se ninguém faltar. Para votar uma coisa simples, precisamos de 257. E, para aprovar uma emenda constitucional, é maior ainda o número de deputados. É preciso que vocês saibam o esforço para governar. Ontem a gente corria o risco de não ter aprovado o sistema de organização do governo. Aí, você não precisa procurar amigos. Tem que conversar com quem não gosta da gente”, defendeu.

O Senado Federal aprovou na quinta-feira (1), no limite do prazo, a medida provisória que organiza a estrutura ministerial do governo federal. Se a medida provisória não fosse aprovada a tempo, a Esplanada de Lula com 36 ministérios voltaria a ter a mesma configuração do governo Bolsonaro, com 22 pastas. Ainda assim, o projeto sofreu uma desfiguração na Câmara, num sinal de insatisfação da oposição com a articulação de Lula. O Ministério do Meio Ambiente, por exemplo, foi esvaziado.

Lula afirmou que as pessoas precisam entender a “correlação de forças” no Congresso, e que a articulação exige esforços. Ele ouviu dos estudantes os gritos de “fora, Lira” ao citar a dificuldade do governo na Câmara. Mais tarde, em coletiva de imprensa após a chegada no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, onde Lula formou sua carreira enquanto dirigente sindical, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, minimizou as derrotas do governo no Congresso e não acenou para mudanças na articulação — alvo de cobrança de Lira, que defende no cargo de Padilha o atual líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE).

 

(Foto: Nelson Almeida/AFP)

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