Lula: “Nunca pedimos que EUA e Europa tivessem outro comportamento sobre a guerra”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil nunca pediu que Estados Unidos e União Europeia mudassem suas posturas em relação à guerra na Ucrânia.

Em entrevista à mídia estatal portuguesa RTP publicada neste domingo (23), Lula foi questionado por suas declarações sobre os EUA e UE terem propiciado o prolongamento do conflito com o envio de armamento militar.

“Nós nunca pedimos para que Europa e EUA tivessem outro comportamento. O que nós queremos é que eles também comecem a falar em paz”, respondeu o brasileiro, dizendo que ficou feliz com a iniciativa do presidente francês Emmanuel Macron conversar com o líder chinês Xi Jinping sobre uma possível resolução para o conflito.

Lula voltou a negar que o Brasil tenha posição ambígua em relação à guerra. Em entrevista coletiva neste sábado (22), o presidente negou ter igualado responsabilidades de Rússia e Ucrânia.

“O Brasil não tem posição ambígua. O Brasil tem uma decisão muito clara: condenou a Rússia por invadir o espaço territorial da Ucrânia. Ponto. Esse é o comportamento público do Brasil”, afirmou à RTP.

“O que o Brasil não quer é se alinhar à guerra. O Brasil quer se alinhar a um grupo de países que precisam trabalhar para construir a paz. Se todo mundo se envolve diretamente na guerra, a pergunta que eu faço é: quem é que vai conversar sobre paz?”, acrescentou.

O petista ainda afirmou que é preciso “construir uma narrativa que convença Putin e Zelensky de que a guerra não é a melhor saída para resolver os problemas”.

Nesta terça-feira (25), Lula deve participar de uma sessão solene de boas-vindas na Assembleia da República, o parlamento português.

Questionado pelo repórter sobre o discurso que quer passar a Portugal, que não colida com a posição portuguesa em relação à Ucrânia, Lula afirmou que “Portugal toma a posição que quiser em relação à Ucrânia”.

“Eu não tenho o direito, a autoridade de dizer qual é a posição correta de Portugal. O máximo que eu posso fazer é dizer qual é a posição do Brasil, e, da mesma forma que respeito as decisões dos outros, gostaria que respeitassem a do Brasil”, afirmou.

“E o Brasil trabalha na possibilidade de construir a paz no mundo porque a guerra não leva a nada, não produz nada de positivo. Produz morte, desemprego e destruição”, concluiu. 

Seguem alguns highlits:

Guerra Rússia x Ucrânia 

O Brasil tem uma posição clara, o Brasil condena a Rússia por invadir o espaço territorial da Ucrânia, ponto.

Se toda a gente se envolve diretamente na guerra, a pergunta que eu faço é a seguinte: quem é que vai conversar sobre paz? Quem é que vai conversar com os governos que estão em guerra para discutir a paz? Quem é que vai dar esse passo?

É preciso construir uma narrativa que convença Putin e Zelensky de que a guerra não é a melhor maneira para resolver os problemas.

 

Polarização

Em Portugal também tem uma certa polarização com um lado mais extremista de direita com os outros partidos, mas eu não tenho nenhum problema, eu não vim aqui para entrar na polêmica com o Parlamento português.

Eu vim aqui para cumprir uma agenda e as pessoas não são obrigadas a gostar do Lula, não são obrigadas a gostar do Presidente do Brasil.

 

Lava Jato e a negação da política

Fui vítima da mais grave mentira já contada na política brasileira, uma tentativa de me tirar da eleição [presidencial], conseguiram me tirar da eleição.

Nós não podemos negar a política. A política é a arte do exercício da democracia e é importante sermos capazes de negociar com os que pensam o contrário.

 

Objetivos do terceiro mandato

Meu objetivo é fazer do povo brasileiro aquele povo generoso que sempre foi, que gosta de música, que gosta de futebol, que gosta de ser alegre, que gosta de ser educado e que perdeu isso por causa de um presidente fascista que governou o país durante quatro anos.

O Brasil que tínhamos construído em três mandatos e meio do PT, um país com a maior inclusão social da história do Brasil, tudo isso foi desmontado. Então eu tinha de reconstruir isso e estou reconstruindo.

Cuidar dos pobres é investimento, aumentar o salário mínimo é investimento.

Quando assumi o cargo de Presidente em 2003 a inflação era de 12,5%, nós levámos para 4,5%, o desemprego era 12% e nós reduzimos para 4,3% gerando 22 milhões de empregos. Uma dívida interna de 67%, nós diminuímos para 37%”. Uma dívida ao FMI de 30 biliões de dólares e nós não só pagámos a dívida, como ainda emprestamos 15 biliões ao FMI e constituímos uma reserva internacional de 370 bilhões. (Foto: RTP)

 

Com informação da RTP – Rádio e Televisão de Portugal

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