Lula homenageia cachorro que morreu em voo e faz cobrança: ‘Gol tem que prestar contas e a Anac, fiscalizar’

Presidente se manifestou sobre o caso que chocou o país e prestou solidariedade ao tutor do cão

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prestou uma homenagem nesta quarta-feira (24) ao cachorro Joca, o Golden Retriever que morreu na última segunda-feira (22) em um voo da Gol, após um erro de logística da companhia aérea. O caso chocou o país. Lula decidiu usar uma gravata com estampa de cachorrinhos para cumprir a agenda presidencial desta quarta-feira. Segundo ele, a escolha do acessório foi um “protesto” pela morte do cachorro.

O animal morreu após passar por longas horas de voo, ao ser enviado para o destino errado, pela companhia aérea Gol. O tutor de Joca, João Fantazzini, comprou a passagem para enviar o cão a partir do Aeroporto de Guarulhos a Sinop (MT), mas o pet foi embarcado erroneamente pela companhia aérea para Fortaleza. No retorno ao aeródromo paulista, após mais de 8 horas de viagem, extrapolando o limite recomendado por sua veterinária (até três horas), Joca morreu.

Durante um evento em Brasília ao lado da ministra da Cultura, Margareth Menezes, o presidente Lula afirmou que estava vestindo a gravata em homenagem ao Joca. “A minha gravata tem desenho de cachorrinho. Eu coloquei a gravata em protesto pelo o que aconteceu com o cachorro. O cidadão mandou seu cachorro para Sinop e foi embarcado para o Ceará. Mandaram de volta e o cachorro morreu porque ficou 8 horas sem tomar água”, iniciou o mandatário.

Na sequência, Lula foi para cima da Gol, companhia aérea que deveria se responsabilizar pela segurança do animal durante o transporte.  “Eu acho que a Gol tem que prestar contas, acho que a Anac tem que fiscalizar isso e acho que a gente não pode permitir que isso continue acontecendo no Brasil”.

João Fantazzini se manifestou no fim da tarde de hoje à TV Globo. Ele explicou que tinha um atestado veterinário indicando que Joca aguentaria uma viagem de até três horas. No entanto, com a trapalhada da empresa aérea, o animal passou mais 8 horas viajando e não resistiu. Fantazzini afirmou que saber que seu amigo canino morreu sob forte sofrimento é a pior parte da história. “Eu sempre vi as mensagens das pessoas sobre os cachorros morrerem nesta situação, mas eu nunca esperava isso, acho que o que mais me dói é saber que ele sofreu lá dentro, porque não é justo ele ter morrido daquele jeito”, disse.

O dono do animal afirmou que ao desembarcar em Sinop, perguntou onde poderia buscar o cachorro, mas foi avisado que teria que voltar para SP, por conta do erro de traslado. Funcionários da Gol ofereceram água e lanches enquanto ele esperava o voo que o levaria ao reencontro com Joca. No meio tempo, a empresa também compartilhou vídeos com João Fantazzini do seu cachorro bebendo água pelas grades da gaiola em que viajava.

Em contrapartida, ao chegar em São Paulo, revelou que funcionários da empresa o informaram que o cachorro passou mal no voo de volta, mas se esquivavam de dar maiores informações. “Não tem ninguém que aguente uma pista aérea com 36 graus de sol, e ele fechado na caixa Eles não tiraram o Joca da caixa. Voltou todo molhado. Ele saiu bem e voltou morto pra mim. Um descaso total lá dentro, porque ninguém falava comigo. Eles vinham com lanchinho pra mim, e pra quê eu vou querer comer? Eles acham que eu preciso de alguém que me dê um lanche pra comer? O que eu espero é que eles paguem”, desabafou.

O cachorro tinha cinco anos e passou cerca de 1h30 a 36ºC, na pista de embarque e desembarque de Fortaleza. Segundo Fantazzini, preso dentro da caixa de transporte e sem acesso a água ou comida. Segundo a Gol, o animal teve acompanhamento durante todo o trajeto, mas o falecimento foi inesperado, já em São Paulo, depois que ele retornou. Segundo atestado de óbito, o animal morreu por uma parada cardiorrespiratória, mas os motivos ainda não foram esclarecidos.

“Às vezes sinto que foi egoísmo meu, que eu poderia ter deixado ele aqui [em SP], mas sempre fomos eu e ele, sempre. Quando eu saía de casa, ele me esperava o dia inteiro na frente da porta. Era um filho pra mim. Sempre falei que ele foi minha melhor escolha e agora ele foi embora”, disse Fantazzini.

Homem e cão se mudariam para Sorriso, no Mato Grosso, e embarcaram para chegarem juntos a Sinop, de onde partiriam para a nova vida.

Através de nota a companhia aérea se manifestou: “A GOL lamenta profundamente o ocorrido com o cão Joca e se solidariza com a dor do seu tutor. A Companhia informa que o cão Joca deveria ter seguido para Sinop (OPS), no voo 1480 do dia 22/04, a partir de Guarulhos (GRU), porém, por uma falha operacional o animal foi embarcado em um voo para Fortaleza (FOR). Assim que o tutor chegou em Sinop, foi notificado sobre o ocorrido e sua escolha foi voltar para Guarulhos (GRU) para reencontrar o Joca. A equipe da GOLLOG na capital cearense desembarcou o Joca e se encarregou de cuidar dele até o embarque no voo 1527 de volta para Guarulhos (GRU). Neste período, foram enviados para o tutor registros do Joca sendo acomodado de volta na aeronave. Infelizmente, logo após o pouso do voo no aeroporto de Guarulhos (GRU), vindo de Fortaleza, fomos surpreendidos pelo falecimento do animal. A Companhia está oferecendo todo o suporte necessário ao tutor e a apuração dos detalhes do ocorrido está sendo conduzida com prioridade total pelo nosso time. Nos solidarizamos com o sofrimento do tutor do Joca. Entendemos a sua dor e lamentamos profundamente a perda do seu animal de estimação.”

(Foto:  Ricardo Stuckert/PR)

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