Lula exige que Milei respeite o Brasil, “assim como respeitamos a Argentina”

Em entrevista nesta terça-feira (23), o presidente Lula fez uma forte declaração contra o seu homólogo argentino, o extremista de direita Javier Milei.

Enquanto cumpre agenda antes de ir para as reuniões do G20 no Rio de Janeiro, o presidente falou rapidamente com a imprensa sobre o tema Milei.

Recentemente, o presidente argentino fez ataques ao brasileiro e chegou a vir para o Brasil sem cumprimentar o mandatário brasileiro.

Lula foi enfático para criticar a postura do argentino. “Eu não fico escolhendo quem é o presidente da Argentina. Não cabe a mim escolher o presidente da Argentina, não cabe a mim ficar preocupado com o discurso do presidente da Argentina. Ele seja o que ele quiser. Eu só quero que ele tenha respeito pelo Brasil, da mesma forma que o Brasil tem respeito pela Argentina. Eu só quero que um presidente da República não se esqueça nunca que os interesses do povo são sempre maiores do que os interesses do presidente”, disse.

“Não é uma relação pessoal. Não é uma questão de amigo, amizade. Não existe isso entre dois chefes de Estado. Então, é isso que eu espero da Argentina, uma relação civilizada, uma relação crescente. E obviamente que vai depender muito do comportamento do governo da Argentina com relação ao Brasil. Eu estou muito tranquilo. Estou muito tranquilo porque foi o que o povo argentino conseguiu produzir nas últimas eleições. Como eu fui produzido aqui no Brasil. Vai depender do que a gente faça daqui para frente. Eu continuo tratando o seguinte. Eu continuo tratando todos os países da forma mais soberana possível, sabendo que cada um tem um papel importante e sabendo que todos eles têm importância para o Brasil e que o Brasil tem importância para todos eles”, completou Lula.

“Agora, é o seguinte, eu já falei isso, ele tem que pedir desculpas ao Brasil, senão a relação é complicada. Você pode falar a bobagem que você quiser falar desde que você respeite o direito dos outros. É assim que eu faço política internacional”, emendou o presidente.

A crise Argentina

Enquanto toma pressão do maior país da região, Milei tem enfrentado seus fantasmas internos. O governo tem enfrentado desconfiança de investidores nacionais e internacionais por conta de sua política de câmbio, que tem forçado a desvalorização do peso frente ao dólar de maneira intensa.

A volta de um mercado paralelo de câmbio tem assustado o governo, que prometia acabar com a prática. Enquanto isso, o mercado de ações caiu ate 12% em uma semana, sinal de desconfiança dos investidores.

Milei fala que é apenas “parar de imprimir de dinheiro”. O problema é que isso não é muito bem factível e tem causado desconfianças do mercado.

Além disso, o governo planeja queimar suas reservas em moeda estrangeira, o que vai aumentar a instabilidade do câmbio e reduzir a probabilidade de pagamentos das dívidas em dólar, o que reduz a confiança no país e pode colocar toda a estratégia econômica de Milei na lata do lixo.

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