Lula: ‘enchente no Rio Grande do Sul parece que não foi só o fenômeno da chuva’

Presidente chamou reunião ministerial de emergência nesta segunda-feira para discutir reconstrução do Estado. Para o petista, o desastre também foi agravado porque “pessoas não cuidaram das comportas que deveriam ter sido cuidadas há muito tempo”

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na abertura de uma reunião ministerial nesta segunda-feira (13), que as enchentes que assolam o Rio Grande do Sul e impactam 85% do território gaúcho não são apenas “o fenômeno da chuva”, mas que também há responsabilidade de quem deveria ter cuidado “das comportas”. Ele não citou nomes. A declaração ocorreu durante discurso do chefe do Executivo na abertura da reunião ministerial ocorrida no Palácio do Planalto para discussão de novas ações de ajuda ao estado.

O presidente citou o problema em meio a críticas de especialistas que apontam que o sistema de contenção de águas do Rio Guaíba em Porto Alegre não aguentou o nível acima dos cinco metros na capital gaúcha, embora tenha sido criada para suportar até seis metros de elevação. Um dos apontamentos é de que falta de manutenção e negligência da prefeitura ao longo de décadas. O sistema começou a operar em 1974.

“Porque esse fenômeno que aconteceu me parece que não foi só o fenômeno da chuva, me parece que tem o fenômeno também das pessoas que não cuidaram das comportas que deveriam ter cuidado há muito tempo, mas tudo isso é um problema a ser resolvido daqui para frente e nós vamos tentar apresentar a nossa contribuição ao povo do Rio Grande do Sul, inclusive apresentando uma discussão nacional para resolver definitivamente a questão das enchentes na cidade de Porto Alegre e na Região Metropolitana”, afirmou Lula na abertura da reunião ministerial.

O presidente falou sobre a preocupação do governo com a arrecadação, triagem e distribuição de doações, ao citar que não há estrutura para se arrecadar tudo “na hora que as pessoas falam”. “A gente não tem estrutura para arrecadar tudo na hora que as pessoas falam. É coisa do exterior, é coisa de cada Estado , cada um que junta um monte de coisas de doação, acha que a gente tem estrutura de pegar na mesma hora, no mesmo dia e distribuir e tudo isso demanda uma infraestrutura, não apenas de recolhimento dessas coisas, de seleção e ver a necessidade para onde a gente vai mandar. Tudo isso demanda um tempo excepcional e muita mão de obra”, disse o presidente.

Na reunião com a presença dos 38 ministros, Lula afirmou que há muitos voluntários trabalhando nas doações mas que em, breve, será necessário que o estado auxilie na distribuição dos donativos. “Nós estamos até agora com muita gente voluntariada, muita gente, mas daqui a pouco os voluntários voltam para suas atividades normais e aí entra o papel da máquina do Estado de dar vazão ao recebimento das coisas que as pessoas dão e fazer essas coisas chegarem até a casa das pessoas”, completou.

(Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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