Lula diz que ‘vai lutar por acordo Mercosul-UE’ e que desiste se ouvir ‘não’ de todos

Presidente brasileiro disse ver “momento decisivo” para o acordo na reunião da cúpula do Mercosul, nesta semana. “Eu só posso dizer que não vai ter assinatura [do acordo] na hora que terminar a reunião do Mercosul, que eu tiver o não. Enquanto eu puder acreditar que é possível fazer esse acordo, eu vou lutar para fazer”, disse o presidente Lula

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na tarde desta segunda-feira (4) que fará esforços adicionais para fechar o acordo Mercosul-União Europeia e que só desiste se ouvir “não” de todos os países envolvidos nos blocos. “Eu só posso dizer para você que não vai ter assinatura [do acordo] na hora que terminar a reunião do Mercosul, que eu tiver o não. Enquanto eu puder acreditar que é possível fazer esse acordo, eu vou lutar para fazer. Porque, depois de 23 anos, se a gente não concluir o acordo, é porque, eu penso que nós estamos sendo irrazoáveis com as necessidades que nós temos de avançar nos acordos comerciais, políticos e econômicos”, disse o presidente durante a cerimônia de assinatura da declaração conjunta de intenções, realizada ao lado do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz.

No último fim de semana, ao participar da COP28, o presidente francês Emmanuel Macron disse ser contra o acordo, acrescentando, que o texto foi “mal remendado”. Na entrevista desta segunda, Lula afirmou respeitar a posição do presidente francês e disse que líderes anteriores do país também foram contra o acordo. Disse ainda que tentou sensibilizar Macron sobre o termo e que “não vai desistir”. “Nós respeitamos a posição dele. O que eu não posso te dizer é que a gente ainda não vai assinar. Primeiro, porque além da posição da França nós temos uma posição da Argentina que teve eleições, o novo presidente toma posse dia 10, o Alberto Fernández vai participar da nossa reunião dia 7. Dia 6 haverá reunião dos ministros, dos chanceleres dos países do Mercosul, que vão tentar resolver alguma pendência técnica que exista”, emendou.

Já o presidente eleito na Argentina, Javier Milei, fez críticas ao Mercosul durante a campanha. Também insinuou que poderia sair do grupo, mas recentemente amenizou o discurso e passou a defender aperfeiçoamentos no bloco. Futura chanceler da Argentina, Diana Mondino, afirmou durante visita ao Brasil que o novo governo é a favor do acordo entre os blocos. “Além da posição da França, nós temos a posição da Argentina, que teve eleições, o novo presidente toma posse dia 10. O Alberto Fernández vai participar da nossa reunião dia 7. Dia 6 haverá uma reunião dos ministros, dos chanceleres dos países do Mercosul, que vão tentar resolver ainda alguma pendência técnica que existe”, disse Lula sobre a posição argentina.

Lula disse que a Cúpula do Mercosul, no próximo dia 7, no Rio de Janeiro, será “momento decisivo na negociação”. “São quase 23 anos de esforços inconclusivos. Na próxima quinta-feira, na Cúpula do MERCOSUL, teremos um momento decisivo nessa negociação. Reiterei ao Chanceler a expectativa de que a União Europeia decida se tem ou não interesse na conclusão de um acordo equilibrado. Num contexto de fragmentação geopolítica, a aproximação entre nossas regiões é central para a construção de um mundo multipolar e o fortalecimento do multilateralismo”, concluiu.

No domingo (3), Lula disse que “se não tiver acordo, paciência. Não foi por falta de vontade”. “A única coisa que tem que ficar claro é que não digam mais que é por conta do Brasil e que não digam mais que é por conta da América do Sul”. A expectativa era que a COP 28 seria a grande oportunidade para firmar os últimos pontos do acordo, com encontros de Lula com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com outros chefes de estado do continente. Até o momento, porém, não houve sinalização em prol de um fechamento. O prazo para o acordo termina na quinta-feira da semana que vem (7), quando ocorre no Rio de Janeiro a Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, último evento com a presidência brasileira.

(Foto: Sergio Lima/AFP)

 

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