O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o compromisso de rediscutir os gastos do governo em meio às incertezas sobre os planos fiscais traçados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Diante das críticas contra o ministro, Lula disse que, enquanto for presidente, Haddad “jamais” ficará enfraquecido no cargo. Ele também voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Em meio às críticas recebidas por Haddad nos últimos dias, após a devolução de parte da Medida Provisória (MP) do PIS/Cofins, Lula reiterou a permanência do chefe da Fazenda no cargo. “Haddad jamais ficará enfraquecido enquanto eu for o presidente da República, porque ele é meu ministro da Fazenda, escolhido por mim e mantido por mim”, disse. “Se o Haddad tiver uma proposta [de compensação], ele vai me procurar essa semana e discutir economia comigo.”
O presidente disse ter solicitado ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, uma reunião do conselho orçamentário na próxima semana para discutir o orçamento e os gastos do governo. “Acho que tudo aquilo que a gente detectar que é gasto desnecessário, você não tem que fazer”, comentou Lula, em coletiva de imprensa neste sábado (15), na Itália.
Lula afirmou, contudo, que o governo não irá fazer ajuste que afete a população mais pobre. A fala ocorre em meio à possível alternativa do governo de limitar a correção de pisos de Saúde e Educação.
O presidente disse ter falado a Haddad que a questão da desoneração não é mais um problema do governo. “Os que ficam criticando o déficit fiscal, os gastos do governo, são os mesmos que foram ao Senado aprovar a desoneração a 17 grupos empresariais. E que ficaram de fazer uma compensação para suprir o dinheiro da desoneração e não quiseram fazer”, afirmou o petista.
“Eu disse a Haddad: ‘Não é mais problema do governo, é problema deles. Agora, os empresários que se reúnam, discutam e apresentem ao ministro da Fazenda uma proposta de compensação”, comentou.
Críticas ao BC
Na coletiva de imprensa, Lula também voltou a criticar a taxa básica de juros, a Selic. Ao falar sobre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o presidente brasileiro disse que quem promoveu a festa ao chefe da instituição nesta semana em São Paulo deve ganhar dinheiro com o juro alto.
“Ninguém fala da taxa de juros num país com inflação de 4%. Pelo contrário, faz uma festa ao presidente do Banco Central em São Paulo”, disse. “Normalmente, os que foram à festa, devem estar ganhando dinheiro com a taxa de juros.”
Na noite da última segunda-feira (10), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), promoveu um jantar em homenagem a Campos Neto. O evento, no Palácio dos Bandeirantes, contou com cerca de 70 pessoas, entre banqueiros, empresários e políticos.
Em entrevista antes do encontro, Tarcísio afirmou que apenas pessoas próximas foram convidadas. “Resolvi, vou fazer um jantar para o meu amigo Roberto, com poucos amigos, gente do meu convívio, que trabalhou com a gente no governo”, disse. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)