Lula diz que Celso Amorim será enviado a Venezuela para acompanhar eleição

Presidente tem defendido respeito pelos Acordos de Barbados, documento que garante a plena participação da oposição no pleito, além de resultados reconhecidos por todos

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (22) que irá enviar Celso Amorim, seu assessor especial para assuntos internacionais, como observador das eleições na Venezuela. Lula tem defendido o respeito pelo que foi acordado nos Acordos de Barbados, documento assinado no país que garante a plena participação da oposição e resultados reconhecidos por todos. Apesar da fala de Lula, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já informou oficialmente que não pretende enviar observadores para a Venezuela.

O petista também disse ter ficado assustado com as advertências do líder chavista Nicolás Maduro sobre um possível “banho de sangue” na Venezuela em caso de derrota nas eleições marcadas para o próximo domingo. A fala do venezuelano, feita na última quinta-feira, ocorreu num momento em que crescem as afirmações da oposição de que há uma repressão cada vez maior por parte do governo.

No mesmo dia, a líder oposicionista María Corina Machado, que foi impedida de concorrer, denunciou ter sido alvo de um plano de atentado — e afirmou que, horas antes, seu funcionário de segurança havia sido “sequestrado”. “Fiquei assustado com as declarações de Maduro de que se perder as eleições haverá um banho de sangue. Quem perde as eleições toma banho de votos, não de sangue”, disse o presidente brasileiro em entrevista coletiva em Brasília. “Maduro precisa aprender que quando se ganha, se fica; e quando se perde, se vai e se prepara para outras eleições”, acrescentou.

Embora Lula tenha defendido a presença de observadores internacionais durante o pleito venezuelano —e já tenha expressado “preocupação” com o veto à opositora María Corina —, o silêncio do governo brasileiro sobre as declarações de Maduro causou incômodo na região. Enquanto Argentina, Costa Rica, Guatemala, Paraguai e Uruguai exigiram conjuntamente o “fim do assédio, perseguição e repressão” a opositores, a administração brasileira minimizou o ocorrido no país vizinho ao afirmar que a fala poderia ser “apenas retórica” de Maduro.

Celso Amorim conversou na última quarta-feira com o conselheiro de Segurança dos EUA, Jake Sullivan, sobre a situação na Venezuela. A expectativa é a de que os americanos endureçam as sanções em vigor contra o governo de Maduro caso o venezuelano não aceite uma eventual derrota. Um dia depois, Amorim disse que a fala do presidente da Venezuela “não é desejável”. Ele pontuou que tem mantido contato com os dois lados e que acredita que a eleição ocorrerá sem problemas.

(Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil )

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