Lula descarta intervenção no Rio e anuncia reforço da PF e das Forças Armadas

Lula disse em sua live semanal que conversou com os ministros Flávio Dino e José Múcio para utilizar as estruturas dos ministérios da Justiça e da Defesa a fim de combater o crime organizado. Presidente ainda lembrou a forma “atabalhoada” como Bolsonaro incentivou a venda de armas, que foram parar nas mãos do crime organizado. Cláudio Castro quer classificar atos como “terrorismo” e endurecer penas.

 

Em sua live semanal, “Conversa com o Presidente”, na manhã desta terça-feira (24), Lula comentou sobre a situação caótica no Rio de Janeiro, onde ao menos 35 ônibus, um caminhão e um trem foram incendiados depois que o miliciano Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão ou Teteus, foi morto por agentes da Polícia Civil. Segundo Lula, a violência no estado é um “problema do Brasil” e o governo federal quer colaborar e compartilhar as soluções dessas questões. “Esse governo não vai se esconder e dizer que é só problema dos estados”, afirmou.

O presidente descartou uma nova intervenção federal na segurança do estado, lembrando que a que foi feita durante o governo de Michel Temer (MDB), que ficou sob o comando do general Walter Braga Netto – que passaria para a reserva em 2019 e foi candidato a vice de Jair Bolsonaro (PL) em 2022 -, “não deu em nada”, disse. Lula ainda disse que conversou com o Ministro da Justiça, Flávio Dino, e que vai conversar com José Múcio Monteiro, da Defesa, para desenvolver uma estratégia de atuação do governo federal no Rio de Janeiro. “Ontem tive uma longa conversa com o Flávio Dino. Hoje terei uma longa conversa com o ministro da Defesa josé Múcio e nós vamos ver como entrar e participar ajudando. Não queremos pirotecnica. Não queremos fazer uma intervenção no Rio de Janeiro, que já foi feita e não resultou em nada”.

Lula ainda afirmou que ainda pensa em recriar o Ministério da Segurança Pública, a partir da cisão do Ministério da Justiça, para articular melhor as políticas com os Estados. Segundo o presidente, o crime organizado é um “problema crônica”, possibilitado em grande parte pela fome, o desemprego e o abandono da população mais carente.

“Tudo isso está ligado às condições de vida do nosso povo. Nós precisamos ter consciência que que é preciso juntar prefeitos, governadores e presidente da República, todo mundo, no combate ao crime organizado. Eu quando fiz a campanha ia criar o Ministério da Segurança Pública. Ainda estou pensando em criar, em quais condições, como vai interagir com os estados, pois o problema da segurança é estadual. O que nós queremos é compartilhar com os estados as soluções dos problemas”, afirmou.

O presidente ainda lembrou a forma “atabalhoada” como o antecessor criou decretos que possibilitaram o aumento exponencial de venda de armas, que caíram em grande parte nas mãos do crime organizado, como as milícias que atuam no Rio de Janeiro. “A liberação de venda de armas nesse país de forma atabalhoada, ela fez com que o crime organizado se apoderasse de um arsenal que ele não tinha antes. Ele pôde comprar no mercado, autorizado, o que é um crime contra o povo brasileiro. Você viu o que aconteceu nas Forças Armadas com o roubo de metralhadoras e fuzis e estava chegando nas mãos do crime organizado”, afirmou.

Terrorismo

Em entrevista na manhã desta terça-feira, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL-RJ), voltou a classficiar as ações das milícias como “terroristas”, confirmou a reunião com Múcio e disse que vai pedir o endurecimento das leis para “essa mistura de México com Colômbia”. “Outra frente importante que começo a capitanear é que a gente endureça a legislação federal. Crime de terrorismo tem que ter pena de 30 anos em regime fechado, sem progressão”, defendeu.

Atualmente, a lei prevê de 12 a 30 anos, dependendo do caso, e os condenados podem acabar no semiaberto. “Ou a gente endurece a legislação ou se transforma nessa mistura de México com Colômbia”, emendou o governador fluminense.

(Foto: Reprodução/Youtube)

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