Lula demite Jean Paul Prates da presidência da Petrobras

Comunicado foi feito pelo próprio Prates a alguns aliados mais próximos; Magda Chambriard deve assumir cargo

 

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, foi demitido da estatal na noite desta terça-feira (14). Magda Chambriard foi o escolhida para substituir Prates. Ela foi diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) no governo Dilma Rousseff e atuou como funcionária de carreira da petroleira por 22 anos. Engenheira de formação, Magda é também consultora na área de energia e petróleo. Uma vez oficializada no cargo, será a segunda presidente mulher da estatal – a primeira foi Graça Foster (2012-2015).

O comunicado foi feito pelo próprio Prates a alguns aliados mais próximos e integrantes de sua equipe. A informação foi dada primeiro pela coluna Malu Gaspar, do jornal O Globo. Em nota, a Petrobras confirmou a saída de Prates após pedido para que o conselho de administração “se reúna para apreciar o encerramento antecipado de seu mandato como Presidente da Petrobras de forma negociada”.

“Adicionalmente, o Sr. Jean Paul informou que, se e uma vez aprovado o encerramento indicado, ele pretende posteriormente apresentar sua renúncia ao cargo de membro do Conselho de Administração da Petrobras”, afirma o comunicado. Prates estava no comando da estatal desde o início do governo Lula, em 2023.

A saída ocorre cerca de um mês após rumores da demissão de Prates em meio a debates entre membros do governo sobre a distribuição de dividendos extraordinários referentes ao exercício de 2023. À época, o nome do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, foi cotado para assumir o comando da petroleira.

Em março, ao divulgar que teve lucro de R$ 124,6 bilhões em 2023, a Petrobras informou que o conselho de administração havia aprovado a distribuição de R$ 14,2 bilhões em dividendos. A decisão repercutiu negativamente no mercado financeiro e expôs entraves entre o presidente e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

A decisão foi revista posteriormente e o conselho de administração da Petrobras aprovou no fim do mês passado a distribuição de R$ 21,9 bilhões, correspondendo a 50% dos dividendos extraordinários. A estatal teve o segundo maior lucro de sua história no ano passado, o que permitiria o pagamento de dividendos extraordinários da ordem de 43,9 bilhões de reais, caso 100% do montante fosse pago.

Inicialmente, em reunião em março, o conselho havia decidido reter 100% dos dividendos extras possíveis em uma reserva estatutária, manifestando preocupações com a capacidade de investimento da empresa. A aprovação dos 50% dos dividendos possíveis atende a recomendação da diretoria executiva da Petrobras, que desde o início defendeu este percentual.

O valor remanescente do montante possível para dividendo extraordinário deverá ser enviado para a reserva estatutária. Também no final de abril, o presidente Lula afirmou que a Petrobras “nunca teve crise”. “A crise da Petrobras é o fato de ela ser uma empresa muito grande”, falou. “A Petrobras tem essa crise, uma crise de crescimento”, afirmou em café da manhã com jornalistas.

“O fato de você ter um desentendimento, uma divergência, uma colocação equivocada, faz parte da existência do ser humano”, disse ele. “A Petrobras está tranquila.”

De acordo com o blog da Natuza Nery, no Portal G1, Lula encontrou pessoalmente com Prates, nesta terça-feira, para efetuar a demissão. O presidente tomou a decisão após uma série de desentendimentos entre Prates e o governo, em especial com Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia. O Planalto também estaria insatisfeito com os resultados entregues pela Petrobras.

 

Confira a nota da Petrobrás na íntegra

“Petrobras informa que recebeu nesta noite de seu Presidente, Sr. Jean Paul Prattes, solicitação de que o Conselho de Administração da Companhia se reúna para apreciar o encerramento antecipado de seu mandato como Presidente da Petrobras de forma negociada. Adicionalmente, o Sr. Jean Paul informou que, se e uma vez aprovado o encerramento indicado, ele pretende posteriormente apresentar sua renúncia ao cargo de membro do Conselho de Administração da Petrobras. Fatos julgados relevantes serão tempestivamente divulgados ao mercado”.

(Foto: Mauro Pimentel)

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