Lula comenta operação contra núcleo golpista de Bolsonaro: ‘Essa gente tem que ser investigada’

Presidente afirmou que o 8 de janeiro “não teria acontecido sem ele (Bolsonaro)”.

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (8) que os ataques contra as sedes dos Três Poderes, no 8 de janeiro, não teriam ocorrido sem a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem apontou uma participação “da construção dessa tentativa de golpe”. A fala é um comentário sobre a operação da Polícia Federal (PF) que ocorre nesta quinta-feira contra Bolsonaro e aliados dele.

A operação faz parte da investigação que apura a tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito do dia 8 de janeiro de 2023. “É muito difícil um presidente da República falar sobre uma operação que é feita depois de uma decisão judicial, tudo correndo em sigilo até determinar que se faça busca e apreensão na casa das pessoas. Eu espero que a Polícia Federal faça a coisa do jeito mais democrático possível, que não haja nenhum abuso, que faça aquilo que a Justiça determinou que faça e depois apresente para a sociedade aquilo que eles encontraram. Eu, sinceramente, não tenho muitas condições de falar sobre uma ação da Polícia Federal, porque isso é uma coisa sigilosa, da Polícia, da Justiça, e não cabe ao presidente ficar dando palpite”, afirmou Lula em entrevista à rádio Itatiaia.

Questionado sobre o possível envolvimento de Bolsonaro, Lula respondeu: “Olha, eu não sei, eu acho que não teria acontecido sem ele. O cidadão que estava no governo não estava preparado para ganhar, não estava preparado para perder, não estava preparado para sair. Tanto é que não teve nem coragem de me dar posse (…) ficou em casa chorando e foi embora para os Estados Unidos. Ele deve ter participado da construção dessa tentativa de golpe”. O presidente disse que agora é esperar as investigações e que espera que “no tempo mais rápido possível” venha um resultado “do que verdadeiramente ocorreu no Brasil”.

Mais à frente, o presidente cobrou investigação de todos os envolvidos na tentativa de golpe e afirmou que o 8 de janeiro não teria acontecido sem Bolsonaro. “Tem muita gente envolvida, acho que tem muita gente que vai ser investigada, porque o dado concreto é que houve uma tentativa de golpe, uma política de desrespeito à democracia, houve a tentativa de destruir uma coisa que nós construímos há tantos anos, que é o processo democrático. E essa gente tem que ser investigada. Nós queremos saber quem é que financiou, quem é que pagou, quem é que financiava aqueles acampamentos, para que a gente nunca mais permita que aconteça o ato que aconteceu no dia 8 de janeiro. As pessoas precisam aprender: eleição democrática a gente perde e a gente ganha. Quando a gente perde a gente lamenta, quando a gente ganha a gente toma posse e governa o país”.

Estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas. Policiais federais cumprem as medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal, nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

De acordo com o blog da Daniela Lima, do G1, outros alvos de mandados de busca são Braga Netto, Augusto Heleno, os ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, o ex-ministro da Defesa Anderson Torres, além de outros militares e aliados políticos de Bolsonaro.

A investigação apurou que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas eleições presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital. O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação. O segundo eixo teria consistido na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, por meio de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.

(Foto: Reprodução/Youtube)

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