Segundo o petista, antes de se falar em novas propostas, é preciso cumprir o que já foi anunciado. Presidente discursou nesta quinta-feira (15) na abertura de reunião ministerial. Ele também vai cobrar que ministros atendam rapidamente os pleitos de parlamentares.
Ao discursar no início de reunião com todos os seus 37 ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou na manhã desta quinta-feira (15) que, a partir de agora, “vai ser proibido ter novas ideias” e que o governo terá que “cumprir o que já foi apresentado”. Em fala de 10 minutos, Lula voltou a frisar que as propostas devem passar pela Casa Civil antes de serem anunciadas, e que o governo precisa centralizar os seus esforços de comunicação na Secretaria de Comunicação Social (Secom), liderada pelo ministro Paulo Pimenta.
“Daqui para a frente, a gente vai ser proibido de ter novas ideias. A gente vai ter que cumprir aquilo que a gente já teve capacidade de propor até agora”, discursou na abertura do encontro. Segundo Lula, a exceção será a criação de escolas. Citando o ministro da Educação, Camilo Santana, o presidente pediu que ele deixe uma verba reservada para “coisas que não estavam previstas no seu orçamento”. E frisou aos ministros que é importante dizer o que já foi feito por suas pastas, os planos para o futuro e as dificuldades encontradas.
Na abertura do encontro, Lula disse que a reunião inicia o “segundo passo do governo”. “Talvez essa seja a última reunião ordinária que eu faça antes da reunião que a gente vai fazer final do ano. Essa reunião tem como pressuposto o segundo passo do governo. Até agora tivemos tratando da organização do ministério, estávamos tratando da briga de orçamento, tentando recuperar parte de todas as políticas públicas desmontadas no governo, inclusive remontando algumas políticas. Essa parte está cumprida, falta lançar o Luz Para Todos e o programa Água para Todos, que também falta anunciar”, afirmou.
A reunião tem início pelos líderes do Congresso, e depois, chega aos ministros. Cada um terá 8 minutos para falar, com dois minutos de tolerância. A expectativa é que o encontro tenha mais de seis horas de duração. “É muito importante que vocês digam claramente o que já foi feito. Se tiverem uma dificuldade, vocês digam da dificuldade. Em segundo lugar, dizer quais são os próximos passos”, orientou o presidente.
Apenas a fala de Lula foi transmitida. Com o cargo ameaçado, a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, participa do encontro. Ela enfrenta pressão do União Brasil para ser demitida. A sua saída do cargo para a nomeação do deputado Celso Sabino (União-PA) é considerada certa por auxiliares do presidente. Já a ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, não está presente. Ela está em São Paulo realizando exames por conta de fortes dores nas costas, segundo a pasta. Marina está representada pelo secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, está em viagem e também é representado por seu secretário-executivo.
Recados
Como nas outras reuniões, Lula passou recados a seus ministros e voltou a frisar que todas as medidas devem passar pela aprovação da Casa Civil. “As políticas todas serão de governo. Por isso, o ministro não pode apresentar uma proposta nem começar a fazê-la sem apresentá-la à Casa Civil. Não é política de ministério, é a política do governo da qual nós fazemos parte”, disse.
Ele também frisou que todas as medidas serão divulgadas, que “nenhuma dificuldade será escondida” e que todas as medidas serão anunciadas para a imprensa. Porém, pediu aos ministros para concentrarem os esforços de comunicação na Secom. A divulgação de medidas sem o diálogo com a Casa Civil e com a Secom já causaram atritos no governo no passado.
“A gente pode fazer divulgação das coisas que a gente faz com muito mais profissionalismo, se a gente tiver o mínimo de educação de fazer as coisas coletivamente”, pontuou o petista. A reunião ministerial de hoje é a terceira do ano e, segundo Lula, deve ser o último encontro ordinário antes do final do ano, quando haverá outra reunião.
Lula afirmou que o Novo PAC, programa de investimentos de infraestrutura, será lançado a partir de 2 de julho. O presidente também anunciou que governo vai investir em uma faculdade de matemática na cidade do Rio de Janeiro. O projeto será voltado para alunos premiados na área. “Vamos fazer uma faculdade de matemática no Rio de Janeiro para que a gente possa, a cada olimpíada (de matemática), a gente possa colocar 100 alunos premiados nessa escola”, afirmou o presidente. “Acho que é um sonho que a gente vai fazer para essa meninada que se esforça tanto. E a grande maioria são meninos pobres de escolas públicas.”, completou.
Nesta terceira reunião ministerial do governo, Lula vai exigir que os ministros atendam rapidamente os pleitos de parlamentares. Também vai dizer que, quando o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, apresenta uma indicação política a um colega, está falando em seu nome. O presidente tenta dar mais poder a Padilha, num momento em que o responsável pela articulação política do governo é contestado por lideranças da Câmara. Os parlamentares têm se queixado da demora da liberação de emendas e de nomeações de indicados para cargos na estrutura federal nos estados.
De acordo com integrantes do governo, muitas vezes essas demoras se dão por um suposto “corpo mole” nos ministérios. O presidente pediu relatórios sobre nomeações que estão travadas para poder cobrar individualmente cada ministro.
(Foto: Ricardo Stuckert/PR)