Lula anuncia Plano Safra de R$ 364,22 bi para agricultura empresarial

Taxas de juros para custeio e comercialização serão de 8% ao ano para produtores enquadrados no Pronamp

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta terça-feira (27) que o Plano Safra 2023/2024 irá somar R$ 364,22 bilhões para o financiamento da atividade agropecuária de médio e grandes produtores. Além do valor recorde, o presidente prometeu que as próximas edições do Plano Safra serão melhores a cada ano. “Não tenho medo de dizer para vocês que todos os anos vamos fazer planos melhores do que o ano anterior”, afirmou o presidente, durante cerimônia no Palácio do Planalto.

O anúncio acontece em meio aos esforços do governo para melhorar a relação com o agronegócio, setor que esteve próximo de Bolsonaro.  O próprio presidente tem dado declarações na linha de que não existe discordância econômica do agronegócio com o seu governo. No entanto, afirmou que existe um “problema ideológico” do setor com a sua gestão. O Plano Safra, cujo objetivo é financiar a atividade agrícola no Brasil, é visto como senha para tentar melhorar a relação com um segmento que tem puxado o crescimento econômico neste início de ano.

O lançamento foi realizado em evento no Palácio do Planalto, onde Lula foi acompanhado por pelo menos 14 ministros. Entre eles, Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro (Agricultura), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Marina Silva (Meio Ambiente) e Rui Costa (Casa Civil), além do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e Indústria, Geraldo Alckmin. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se sentou ao lado de Lula. Por outro lado, o evento teve menos representantes do Congresso do que nas cerimônias nos últimos anos de Bolsonaro. Poucos integrantes da bancada ruralista foram ao Planalto.

O presidente da bancada ruralista, deputado Pedro Lupion (PP-PR), não compareceu ao lançamento do Plano Safra porque está numa missão oficial na Argentina. A cúpula da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) foi representada por Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), vice-presidente da bancada na Câmara, e pelo deputado Fábio Garcia (União Brasil-MT), um dos coordenadores do grupo

Integrantes da Câmara afirmam que a baixa presença no evento de Lula se deve à data escolhida pelo presidente para anunciar o programa para o agro. A semana está esvaziada pelas festas de São João no Nordeste e pela ausência de sessões na Câmara por causa da viagem do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), a um evento em Portugal.

Entre parlamentares de partidos aliados ao governo, poucos líderes foram ao Planalto. O líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA), e a senadora Leila Barros (PDT-DF) estiveram no lançamento.

Nesta quarta-feira (28), dia seguinte ao anúncio para médio e grandes produtores, Lula irá apresentar o volume de recursos destinados ao crédito rural para a agricultura familiar. A expectativa, segundo integrantes do governo, é que o valor total do plano fique entre R$ 420 bilhões e R$ 430 bilhões – o que representaria um recorde e forte aumento em relação ao pacote anterior, que somou R$ 340,9 bilhões lançados por Bolsonaro para a safra 2022/2023.

 

Plano Safra

Segundo o governo, a parte do plano lançada nesta terça é 27% maior do que a da safra anterior (R$ 287,16 bilhões no ano passado). As taxas de juros para custeio e comercialização serão de 8% ao ano para os produtores enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp). Para os demais, serão de 12% ao ano.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o Plano Safra 2023/24 lançado nesta terça-feira, 27, é um exemplo do significado do slogan do governo: “União e Reconstrução”. “Não interessa em quem votou, agora é hora de governar para todos”, disse.  De acordo com Fávaro, o agronegócio precisa intensificar sua produção, inclusive em passagens degradadas, que somam de 50 a 60 milhões de hectares.

Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu o alinhamento entre crescimento econômico e indicadores sustentáveis no meio ambiente. “Nós não queremos desenvolvimento a todo custo, queremos compatibilizar o crescimento da economia com outros valores tão importantes quanto este. E eu vejo muita sensibilidade de todo o setor agrícola nisso”, disse. Haddad também reforçou o aceno à bancada do agro no Congresso, elogiando o papel dos parlamentares em contribuir com as medidas do governo. “Agradeço a Frente Parlamentar da Agricultura, pelo apoio que vem dando às propostas de iniciativa do Executiva e Legislativo, no destino de estabilizar a economia brasileira e destravar o processo de desenvolvimento sustentável”, discursou. (Foto: Ascom/Ministério da Agricultura)

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