Lula adota cautela e evita comentar desistência de Biden

Orientação é tratar o tema como uma questão da política interna estadunidense

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não se pronunciou oficialmente sobre o fato de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, ter desistido de concorrer à reeleição. Na tarde de domingo (21), o democrata cedeu à pressão e anunciou a retirada de seu nome da disputa, indicando apoio ao nome de sua vice, Kamala Harris, para a corrida eleitoral contra Donald Trump à Casa Branca.

A informação chegou ao presidente pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e pelo assessor especial internacional, Celso Amorim, que notificaram o presidente Lula sobre a desistência de Biden. De acordo com reportagem do Valor, não está prevista nenhuma manifestação pública de Lula ou do Itamaraty sobre o assunto, tratando-se de uma questão de política interna americana.

Segundo relatos, Biden ainda fará um pronunciamento oficial aos Estados Unidos nos próximos dias, e apesar de apoiar sua vice, Kamala Harris, para sucedê-lo, a decisão final caberá ao Partido Democrata. Uma fonte do Itamaraty expressou preocupação com o cenário político global, especialmente devido ao fortalecimento de movimentos de extrema direita, exemplificado pela candidatura de Donald Trump nos Estados Unidos e figuras similares em outras partes do mundo, como o presidente argentino Javier Milei.

A preocupação se estende aos possíveis retrocessos em políticas de imigração e nas relações com países da América Latina em caso de uma vitória de Trump. Essa perspectiva é particularmente sensível para o Brasil, que tem compromissos significativos em agendas de sustentabilidade e transição energética, como o compromisso de Biden de doar US$ 500 milhões ao Fundo Amazônia, com US$ 97 milhões já adiantados.

A próxima cúpula mundial do clima, COP 30, será realizada em Belém, no Pará, em 2025, destacando a importância dessas políticas para o Brasil e o cenário político mundial.

Apesar do silêncio de Lula sobre o assunto, alguns ministros de seu governo decidiram se manifestar. Simone Tebet, ministra do Planejamento, por exemplo, afirmou através das redes sociais que “política não é personalismo, mas, sim, serviço a favor das ideias e valores”. “Biden dá demonstração enorme de grandeza política ao compreender que os democratas precisam de um fato novo para enfrentar o conservadorismo extremista que ameaça o mundo. Que os Democratas tenham o mesmo altruísmo e sabedoria na escolha para confrontar o extremismo”, escreveu Tebet.

O ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), por sua vez, classificou a desistência de Biden como uma “grande decisão”. Jorge Messias, ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), também se manifestou e parabenizou Joe Biden pela atitude de desistir da candidatura. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, endossou uma publicação do senador americano Alex Padilla manifestando apoio a Kamala Harris. “Isso aí, bro!”, escreveu o brasileiro.

(Foto: Andrew Caballero-Reynolds/REUTERS)

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