Presidente da Câmara disse ter sido um erro chamar o ministro das Relações Institucionais de “incompetente” e “desafeto pessoal”. Fala ocorreu durante entrevista concedida ao programa Conversa com Bial, na Globo, que foi ao ar na madrugada desta quarta-feira
O presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira (PP-AL), admitiu nesta terça-feira (23) ter “erros e acertos” políticos com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, após recentemente ataca-lo publicamente o chamando de “desafeto pessoal” e “incompetente”.
“Eu poderia ter adjetivado melhor ou pior, sou humano, posso errar e acertar, mas para mim política tem que ser feita reta, nada em off, nada de vazamento”, disse, ele ao programa Conversa com Bial, apresentado na TV Globo, na madrugada de quarta-feira (24).
As críticas ao trabalho do ministro, reforçou, se mantém. “[Mas eu] Já vinha apontando reservadamente ao governo, e ele sabe disso, que há alguns meses não funciona a articulação do governo. Se prestar a atenção, há um esforço muito grande da presidência da Casa, do líder do governo na Câmara, de convergir as matérias para que cheguem muito maduras ao plenário da Câmara”, insistiu, então, nas críticas à atuação de Padilha.
A Bial, Lira evitou dar detalhes sobre o que levou a tensão com o ministro ao ápice, com as ofensas públicas. Ele negou, porém, que a votação sobre a prisão de Chiquinho Brazão tenha sido o estopim da crise. “Isso é uma inverdade. A gente vive esse momento de notícias rápidas, no tempo da internet. Não há um deputado na Câmara dos Deputados, e eu converso com todos eles, que diga que eu influenciei no voto, que pedi voto. Ali não estávamos a discutir se matou ou se não matou, se é traficante ou miliciano. A discussão era se havia requisitos para a prisão de um parlamentar”, afirmou o deputado.
O presidente da Câmara disse que pretende tratar a relação com Padilha daqui em diante com mais cautela e insiste, sem detalhes, que o ministro fez várias coisas que o desagradaram. “[O Padilha] Fez várias [coisas que me desagradaram]. Mas vamos tratar isso com muito cuidado, muita cautela”, se limitou a dizer no programa.
Ao rechaçar a hipótese de retaliar o governo, Lira pediu para que o período dele à frente da Casa fosse analisado. “Qual pauta-bomba foi plantada? Qual instabilidade para um governo ou para outro? Não há nenhum governo desde que eu cheguei à Câmara que tenha tido melhores condições para governar o país do que as dadas por nós”, afirmou.
Sobre as notícias de que poderia colocar “pauta-bomba” para andar e abrir Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para embaraçar o governo, Lira negou. “Em três anos de cargo, qual pauta bomba foi pautada? Em 2022 votamos a PEC da transição. O presidente Lula teve um ano de 2023 espetacular por tudo que o Congresso fez, especialmente a Câmara dos Deputados.” Lira listou a reforma tributária, marco de garantias, arcabouço fiscal e volta dos programas sociais.
O presidente Lula (PT) recebeu o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para uma conversa no Palácio da Alvorada, na noite de domingo (21). Segundo contaram interlocutores de Lira ao jornal Folha de S. Paulo, o presidente da Câmara teria dito que a conversa foi “boa” e que ele teria ressaltado diversas vezes que seus problemas são com Padilha. Ele disse não ter dificuldades em se encontrar e conversar com o presidente da República.
Já o ministro-chefe da Secretaria de Relações, vale dizer, não voltou a tratar dos ataques direcionados a ele após dizer que “não guarda rancor” e que “não desceria ao nível” das ofensas do parlamentar. As declarações foram dadas no dia seguinte ao episódio de tensão. Segundo o ministro, o ministro, a divergência estaria superada. Em entrevista à CNN Brasil, na segunda-feira (22), Padilha reforçou que a crise está superada. “Eu vim para a política para agregar, não para agredir. Aprendi isso ao longo da minha vida política. Para mim, esse é um episódio absolutamente superado. O diálogo do governo com o Congresso Nacional está mantido, e a pauta do governo segue em frente”, disse.
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