Linha de investigação apura se médico foi morto por parecer com filho de miliciano

O miliciano saiu há poucos dias do presídio e mora a 750 metros do quiosque onde ocorreu o crime

 

A aparência física entre o médico Perseu Ribeiro de Almeida, de 33 anos, e Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, de 26, filho do miliciano Dalmir Pereira Barbosa, é uma das linhas de investigação para o triplo homicídio ocorrido, nesta quinta-feira (5), na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O miliciano teria uma residência a menos de 1 quilômetro do local da chacina.

De acordo com as polícias Civil e Federal, Perseu tem peso, altura, cabelo e barba parecidos com Taillon, e pode ter sido confundido com ele quando estava com três amigos em um quiosque na orla do bairro frequentado pelo criminoso. Os demais teriam sido mortos por estarem no quiosque com a vítima que teria sido confundida. Uma das hipóteses é de que os criminosos tenham achado que tratava-se de Taillon acompanhado de seguranças. Um dos mortos é Diego Bonfim, irmão da deputada federal Sâmia Bonfim (Psol-RJ).

Os profissionais já estariam sendo seguidos antes do crime acontecer. No entanto, nenhuma hipótese está descartada, inclusive a de que os homicídios teriam motivação política, para intimidar Sâmia e o marido, o deputado Glauber Braga. A área onde fica o quiosque é de classe média alta e tem localidades dominadas pela milícia. A princípio, as investigações sobre o caso não foram federalizadas, ou seja, continuam correndo na Polícia Civil e no Ministério Público do Rio. A PF participa das diligências prestando apoio e observando.

O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli, chegou horas depois do crime ao Rio de Janeiro. Hoje ele se reúne com o governador Cláudio Castro para discutir o assunto.

Taillon de Alcântara

Taillon é filho de Dalmir Pereira Barbosa e ambos são apontados pelo Ministério Público do Rio como integrantes de uma quadrilha que atua em regiões da Zona Oeste da cidade. Em dezembro de 2020, ele teve a prisão preventiva decretada pelo crime de organização criminosa. Segundo reportagem do O Globo, Taillon Barbosa obteve livramento condicional em 25 de setembro deste ano. Segundo o processo, ele mora na Avenida Lúcio Costa, na mesma avenida onde os médicos foram assassinados. Seu apartamento fica a 750 metros do quiosque onde aconteceu o crime.

A decisão do livramento condicional, assinada pelo juiz Cariel Bezerra Patriota, determina que Taillon compareça ao juízo a cada três meses para comprovar suas atividades. Ele precisa voltar para casa às 23h e permanecer durante toda a noite. Também é sua obrigação “porta-se de acordo com os bons costumes”, não se ausentar do estado, não se mudar sem comunicação ao juízo. “Não frequentar lugares passíveis de reprovação social, tais como aqueles onde haja consumo excessivo de bebidas alcoólicas; onde haja venda de drogas ilícitas; casas de prostituição; prática de jogos proibidos e outros análogos”, finaliza a decisão.

De acordo com o MP, Taillon seria responsável pela exploração do transporte alternativo de vans e mototáxi e de serviços básicos como oferta de água, gás e TV a cabo, em Rio das Pedras, na Muzema e em outras comunidades nos arredores. O grupo também cobrava “taxas de segurança” de comerciantes e moradores, promovia a invasão e grilagem de terras e lucrava com a construção imobiliária clandestina. Taillon foi condenado, em junho de 2022, a oito anos e quatro meses de prisão por chefiar a quadrilha.

(Foto: Reprodução)

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