A mãe da influenciadora Solange Bezerra, detida junto com a filha nesta quarta-feira, também permanece na Colônia Penal Feminina do Recife, conhecida como Bom Pastor. Ambas foram presas em operação que investiga grupo suspeito de atuar em jogos ilegais e lavagem de dinheiro
A Justiça de Pernambuco manteve a prisão de Deolane Bezerra, investigada por ligação com esquemas ilegais com casas de apostas. A influenciadora foi detida junto com sua mãe, Solange Bezerra, na manhã desta quarta-feira (4). A decisão pela manutenção da prisão aconteceu em audiência de custódia realizada na manhã desta quinta-feira (5), que também determinou que a mãe da advogada permaneça reclusa.
Elas foram presas em operação da Polícia Civil que investiga uma suposta organização criminosa que atua em jogos ilegais e lavagem de dinheiro e que teria movimentado quase R$ 3 bilhões. As prisões ocorreram na manhã de ontem, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. A empresária foi levada para o Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), em Afogados, na Zona Oeste na cidade.
Depois, Deolane foi encaminhada para a Colônia Penal Feminina do Recife, conhecida como Bom Pastor, onde segue. De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco, a influenciadora digital foi mantida numa cela reservada. Solange Bezerra também permanece presa preventivamente com a filha na Colônia Penal Feminina Bom Pastor. Uma terceira suspeita também foi mantida presa. A defesa nega que elas tenham ligação com esquemas ilegais.
De acordo com o TJ-PE (Tribunal de Justiça de Pernambuco), as diligências tramitam em segredo de Justiça porque o caso está em fase inicial de inquérito policial. O esquema que foi alvo da Operação Integration, segundo a polícia, usava empresas de eventos, publicidades, casas de câmbio, seguros e outras companhias para lavar dinheiro, por meio de transações bancárias.
O delegado-geral da Polícia Civil de Pernambuco, Renato Rocha, afirma que a organização utilizava plataformas de jogos — as chamadas bets — que não atuavam regularmente no país para ocultar a origem ilícita de valores.
“É a terceira fase desta operação. É um esquema voltado à lavagem de dinheiro, que é dividida em três fases: a colocação, a ocultação e a integração do dinheiro ao patrimônio daquelas pessoas envolvidas no esquema”, esclarece Rocha.
A ilegalidade desta operação está “linkada” a jogos que não atuavam regularmente no país. As bets eram usadas pela organização criminosa e outras empresas para a lavagem do dinheiro ilícito.
“Uma grande injustiça”, alegou Deolane
Após a prisão, Deolane publicou uma carta nas redes sociais em que diz ser vítima de perseguição e injustiça. “Estou passando aqui para tranquilizá-los e afirmar mais uma vez que estou sofrendo uma grande injustiça. É notório o preconceito e a perseguição contra minha pessoa e minha família, mas isso tudo servirá para provar mais uma vez para todos vocês que não pratico e nunca pratiquei ‘crimes'”, escreveu.
Conhecida como Dra. Deolane, a influenciadora foi detida com a mãe, Solange Alves, no bairro de Boa Viagem, zona sul da cidade. A casa da família em São Paulo também foi alvo de buscas pela polícia, que apreendeu itens como relógios e dinheiro, segundo divulgou Dayanne Bezerra, irmã de Deolane.
Duas casas de apostas também foram alvo de busca e apreensão. As diligências aconteceram em Recife, Barueri (SP), Campina Grande (PB), Cascavel (PR), Curitiba e Goiânia.
Deolane passou a noite em uma cela reservada na Colônia Penal Feminina do Recife. Antes de ser levada para o presídio, Deolane prestou depoimento no Depatri (Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais). Ao chegar a delegacia nesta quarta, a mãe dela passou mal.
A investigação, segundo a Polícia Civil, foi iniciada em abril de 2023 para identificar e desarticular organização criminosa voltada à prática de jogos ilegais e lavagem de dinheiro. Conforme o inquérito, a quadrilha usava várias empresas de eventos, publicidade, casas de câmbio e seguros para lavagem de dinheiro, feita por meio de depósitos e transações bancárias.
A operação resultou no bloqueio de valores em conta e aplicações financeiras de quase R$ 3 bilhões. Foram apreendidos 17 carros de luxo e 38 veículos restritos no Renajud, sistema online de restrição judicial de veículos criado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Também foram apreendidos mais de cem imóveis, quatro aviões e sete embarcações.
Os investigados precisaram entregar seus passaportes, os portes de armas de fogo deles foram suspensos e os registros, cancelados. De acordo com o Ministério da Justiça, o suposto esquema começou com uma investigação de lavagem de capitais a partir da apreensão de R$ 180 mil reais em espécie em 1º de dezembro de 2022.
“Foram movimentados, de janeiro de 2019 a maio de 2023, mais de R$ 3 bilhões em contas correntes, em aplicações financeiras e dinheiro em espécie, provenientes dos jogos ilegais”, disse o ministério, em nota divulgada nesta quarta.
( Foto: Bruno Fontes/TV Globo)