Justiça aceitou a denúncia nesta quinta-feira (31). Defesa do ex-presidente da Caixa nega crimes e diz ter certeza de absolvição
O ex-presidente da Caixa Econômica Federal Pedro Guimarães se tornou réu pelos casos de assédio e importunação sexual cometidos contra funcionárias do banco estatal. Com o recebimento da denúncia, nesta quinta-feira (31), pela Justiça Federal de Brasília, Guimarães, que é um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), passa a responder criminalmente pelos episódios.
A denúncia havia sido protocolada pelo Ministério Público Federal em Brasília após investigação do caso. No geral, Guimarães vai responder por sete acusações de assédio sexual e oito de importunação. O crime de assédio tem pena de um a dois anos de prisão e o de importunação, de um a cinco anos. No caso do ex-presidente da Caixa, a denúncia prevê o agravamento de penas pelo fato de ele ter autoridade sobre as vítimas.
Os detalhes da denúncia ainda são mantidos em sigilo, já que o processo contra o ex-presidente da Caixa corre em segredo na Justiça Federal do Distrito Federal. Procurado, Guimarães se manifestou por meio de nota assinada por seu advogado, José Luiz Oliveira Lima. No texto, voltou a negar as acusações.
“A defesa de Pedro Guimarães nega taxativamente a prática de qualquer crime e tem certeza que durante a instrução a verdade virá à tona, com a sua absolvição. Pedro Guimarães confia na Justiça”, disse.
Relembre o caso
O caso contra Guimarães veio à tona em junho de 2022, quando funcionárias da Caixa levaram ao MPF denúncias contra o executivo do banco. De acordo com os relatos colhidos em vídeo – que integram a denúncia – mostraram situações em que ele agia de forma inapropriada diante de funcionárias do banco estatal, com toques íntimos não autorizados, convites incompatíveis com a situação de trabalho e outras formas de assédio, inclusive morais.
Depois dos primeiros depoimentos serem revelados, uma série de outras denúncias contra Guimarães e seus auxiliares no banco foram sendo reveladas. Segundo as funcionárias, os supostos abusos teriam ocorrido, na maior parte das vezes, em viagens de trabalho da Caixa pelo Brasil. Nos vídeos publicados pelo site Metrópoles e pela TV Globo, as mulheres afirmam terem sido convidadas por Guimarães para irem à sauna ou à piscina.
Entre as denúncias apresentadas, estão relatos de toques em partes do corpo delas sem consentimento. O presidente da Caixa também teria o costume de pedir para auxiliares mulheres irem até seu quarto de hotel para levarem objetos que ele “precisava”, como carregadores de celular ou algum documento.
No decorrer das divulgações também ficou em evidência o acobertamento das condutas do bolsonarista por parte de quem deveria coibir as ações. As denúncias fizeram com que Guimarães pedisse demissão do banco em julho daquele ano. Na sua saída, alegou ser vítima de uma “situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da vontade”. Na ocasião, ele foi substituído por Daniella Marques, que ficou no comando do banco até o fim do governo Bolsonaro. (Foto: Marcos Corrêa/PR)