Julgamento de bolsonarista que matou dirigente do PT é adiado

Defesa do ex-policial penal Jorge Guaranho alegou que uma testemunha não pode ser localizada e intimada para o julgamento. Julgamento foi remarcado para 2 de maio

 

A Justiça do Paraná anunciou o adiamento do julgamento do ex-policial penal bolsonarista Jorge Guaranho, acusado de tirar a vida guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu (PR), durante sua celebração de aniversário em julho de 2022. Inicialmente programado para esta quinta-feira (4), o júri popular foi remarcado para o dia 2 de maio.

O caso é dos mais emblemáticos de violência política durante a disputa pela Presidência da República há dois anos, quando o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) derrotou a reeleição de Jair Bolsonaro (PL). O julgamento nesta quinta definiria se houve motivação política no crime, mas a defesa de Guaranho abandonou o plenário do TJPR.

O júri teve início às 9h, como previsto, mas foi suspenso 50 minutos depois após os advogados do réu pedirem o adiamento da sessão. A defesa argumentou que uma testemunha não foi localizada e intimada para depoimento. E também reclamou da inclusão nos autos de um vídeo em que Guaranho teria sido interrogado sem a presença de um advogado. E de um segundo processo, no qual o réu afirma ter sido vítima de agressões depois de ter atirado em Marcelo Arruda.

Os pedidos, contudo, foram negados pelo magistrado. Michelini também destacou que as agressões contra Guaranho ocorreram após o fato que seria julgado, o homicídio do dirigente do PT, e por isso a inclusão dos documentos não interferiria no julgamento. Diante das negativas, a defesa do acusado de assassinato abandonou o plenário e o júri foi suspenso e remarcado para o dia 2 de maio.

Relembre o caso

A comemoração do aniversário de 50 anos ocorria em uma área reservada da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu, na Vila A, no dia 9 de julho de 2022. De acordo com a denúncia do Ministério Público do Paraná, o réu — desconhecido da vítima e familiares — se aproximou da porta do salão de festas de carro, com o som do veículo em alto volume, reproduzindo uma música de campanha do então candidato Jair Bolsonaro. De acordo com as testemunhas, Guaranho havia saído de um churrasco com mulher e filho e soube que o festejo tinha como tema decorativo o Partido dos Trabalhadores e o então candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva.

Aos gritos de “Bolsonaro” e “mito”, o réu, que estava acompanhado da esposa e do filho – um bebê de colo – ameaçou Arruda mostrando que estava armado e afirmou que voltaria para matar a vítima. Aproximadamente uma hora depois, Guaranho retornou ao local da festa, sozinho, e começou a disparar contra o alvo e convidados ainda da porta do salão. A ação foi registrada pelas câmeras de segurança. As imagens mostraram que a vítima tentou se esconder debaixo de uma mesa, onde foi alvejada à queima-roupa.

Jorge José da Rocha Guaranho está preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (PR). Recentemente, ele foi demitido do cargo de policial penal por decisão do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, por uso de recurso material da repartição em atividade particular (arma), improbidade administrativa e incontinência pública. A decisão é resultado de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) instaurado à época do crime, para apurar a atuação do ex-agente da penitenciária federal de Catanduvas, no Paraná.

No julgamento desta quinta, 10 testemunhas estavam confirmadas. Cinco delas foram chamadas pela defesa do acusado de homicídio e as outras cinco pelo MP. Se condenado, Guaranho pode responder a uma pena de 30 anos de prisão. Caso o júri acolha a denúncia do MP de homicídio qualificado, a pena pode variar de 12 a 30 anos de prisão. Se houver o entendimento de que ocorreu homicídio simples, o réu pode ser condenado de 6 a 20 anos. No mês passado, Guaranho foi demitido do cargo de policial penal pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.

(Foto: Bruno Zanette/Folhapress)

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