Juiz nega prisão de pecuarista que devastou Pantanal para plantar capim

O juiz João Francisco Campos de Almeida manteve a decisão judicial e negou pela segunda vez a prisão preventiva do pecuarista Claudecy Oliveira Lemes,  que devastou uma área do Pantanal do tamanho da cidade de Campinas, SP.

Claudecy teria gastado mais de R$ 25 milhões para promover o desmate químico em 80 mil hectares no Pantanal mato-grossense, naquele que é apontado como o maior crime ambiental já registrado no estado, segundo o Ministério Público do Estado (MPMT).

O primeiro pedido foi negado no último dia 17. Na decisão, o juiz apontou que a aplicação de medidas cautelares, no lugar da prisão do fazendeiro, seria “adequada para atingir os pretensos fins” da investigação. Nessa nova decisão, ele manteve os argumentos.

Entre as medidas determinadas pelo juiz estão a indisponibilidade de 11 fazendas, a apreensão judicial dos animais dessas propriedades, o embargo das áreas impactadas e a suspensão das atividades econômicas. Claudecy Oliveira Lemes também está proibido de deixar o país.

 

O crime e o acusado

Ele tem 11 fazendas no município de Barão de Melgaço, em Mato Grosso. Tem também 15 autuações por danos ao meio ambiente no Pantanal. É réu em dois processos: tentou alterar o curso natural de um rio e foi flagrado desmatando vegetação nativa em área de especial preservação.

O nome dele é Claudecy Oliveira Lemes, de 52 anos. Agora é acusado de mais um crime ambiental: desmatou uma área equivalente à cidade de Campinas, utilizando para isso 25 tipos diferentes de agrotóxicos, inclusive o poderoso veneno conhecido como agente laranja, que os Estados Unidos despejaram sobre as florestas do Vietnã para desmatá-las e não servirem de esconderijo para os vietnamitas.

Segundo reportagem de Paulo Renato Soares, no Fantástico, foram desmatados 80 mil hectares de uma área de mata protegida do Pantanal Mato-grossense para que Claudecy plantasse capim.

No período em que estava cometendo o crime continuado, Claudecy deveria estar recuperando áreas que havia destruído anteriormente, segundo acordo judicial que havia assinado.

Ainda é impossível ter uma estimativa de quantos anos de cadeia ele pode pegar se for condenado, mas as multas já estão calculadas: somadas, chegam a quase R$ 2 bilhões e 900 milhões.

Claudecy ainda terá que arcar com a reparação dos danos ambientais que causou ao Pantanal: são mais R$ 2 bilhões e 300 milhões para recuperar a vegetação.

Este é o maior crime ambiental de que se tem notícia no Pantanal. Os agrotóxicos foram despejados na área durante três anos.

“Alguns crimes são muito nítidos e a gente já pode adiantar: uso e aplicação indevida de agrotóxico; desmatamento de área de proteção ambiental e áreas de preservação permanente; e o crime de poluição em razão da destruição significativa da flora. E isso por várias vezes”, disse Ana Luiza Peterlini, promotora de Justiça.

As propriedades de Claudecy vão ser administradas por uma empresa escolhida pela justiça até que terminem as investigações. (Foto: Reprodução/ Internet)

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