Para ex-ministro de Lula e o PT, é necessário começar a mobilização social para conter o avanço do bolsonarismo, a começar pela eleição municipal de outubro
O ex-deputado federal e ex-presidente do PT José Dirceu reforçou a cobrança do Diretório Nacional do partido em relação à defesa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e à necessidade de mobilizar a esquerda, já nestas eleições municipais, para enfrentar a extrema-direita. Segundo reportagem do jornal Correio Braziliense desta quarta-feira (24), tanto para Dirceu quanto para a cúpula petista, o bolsonarismo continuará sendo o principal adversário do campo progressista, em 2026, no pleito nacional.
Desde que começou a acumular vitórias no Supremo Tribunal Federal (STF) em relação aos processos a que responde por corrupção no âmbito da Operação Lava-Jato — em janeiro, a Corte anulou duas dessas ações por considerar que o então juiz federal da 13ª Vara, Sergio Moro (hoje senador pelo União Brasil do Paraná) agiu em conluio com o Ministério Público para condenar políticos ligados ao PT —, Dirceu vem ocupando espaços no debate político. Tanto que admite se candidatar, em 2026, a uma vaga na Câmara dos Deputados.
A defesa da união antidireita veio através de uma carta, alinhada com a direção do PT. Nela, ele enumera avanços do governo Lula e aponta temas que devem ser priorizados nos próximos dois anos. Mas reconhece a fragilidade da base governista no Congresso, que não tem maioria para aprovar, sozinha, projetos de interesse do Palácio do Planalto. Para Dirceu, o partido deve voltar às ruas e mobilizar a opinião pública em defesa das pautas progressistas como forma de pressão sobre a bancada conservadora.
“Será essencial definir as reais prioridades, ter um comando político subordinado diretamente ao presidente (Lula), integrar as diversas áreas do governo à priorização das iniciativas, e mobilizar a sociedade — com interlocução com o empresariado, os trabalhadores, a sociedade civil, as classes médias e os demais segmentos sociais — de modo a minimizar os danos provocados pela ausência de uma maioria parlamentar. Do contrário, o governo ficará sujeito aos humores de um Parlamento conservador na pauta de costumes, liberal nas questões econômicas e sem qualquer escrúpulo em troca de voto por interesse político”, salientou.
(Foto: Mateus Bonomi/ Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo)