Jornada Mundial: Papa Francisco deve falar sobre paz, emprego e meio-ambiente

Henrique Acker (correspondente internacional)  –  De 1 a 6 de agosto Lisboa será o cenário da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Cerca de um milhão de peregrinos de 184 países devem participar das diversas atividades promovidas durante os seis dias do evento, na capital portuguesa.

A expectativa é que o Papa Francisco aborde três temas principais durante as atividades: a necessidade da paz mundial, em função da guerra na Ucrânia; a importância do emprego para a juventude, num Mundo em que cerca de 40% dos jovens estão fora do mercado de trabalho; e a preservação do meio-ambiente, justamente no momento em que a Europa enfrenta a maior onda de calor de que se tem notícia.

Outro assunto importante, mas delicado, é o escândalo da pedofilia envolvendo padres católicos.

Francisco já afirmou que este assunto deve ser tratado com “tolerância zero”, mas ainda há muita contestação à forma tímida como as denúncias são acolhidas por uma parte da cúpula da Igreja Católica em Portugal e no resto do Mundo.

Não se sabe se o Papa vai abordar o tema em algum momento da JMJ.

 

Imprensa cobra transparência nos gastos públicos

Alguns dias antes do início da JMJ a imprensa portuguesa passou a noticiar a falta de transparência e possíveis irregularidades nos gastos com o evento. De acordo com o apurado, quase metade das obras necessárias à realização do evento teriam sido aprovadas sem licitação pública, apesar de representarem menos de 20% dos valores empenhados.

As denúncias envolvem os gastos das municipalidades de Lisboa – que reservou cerca de 35 milhões de euros – e de Loures, que entrou com dez milhões de euros.

Abordado por jornalistas na visita que fez ao Parque Tejo, local em que deve ser realizada uma vigília e a missa de encerramento do evento, o primeiro-ministro António Costa defendeu os gastos do Estado português com a JMJ.

“Não podemos viver sempre em função do que é o custo, mas também do benefício”, argumentou Costa, referindo-se ao “valor imaterial imenso” de retorno que o evento proporcionará ao país.

Calcula-se que as obras e investimentos públicos devem chegar a 81 milhões de euros (€ 36 mi do governo da República), enquanto a Igreja Católica deve arcar com outros 80 milhões, perfazendo um total de € 160 milhões.

Um dos eventos mais aguardados durante a JMJ é o Festival da Juventude.

Estão programadas apresentações musicais, espetáculos de dança e teatro, conferências e encontros. Serão mais de 500 atividades, distribuídas por palcos e diversos espaços em Lisboa, Loures, Almada, Amadora, Cascais, Oeiras e Torres Vedras, sempre com entrada franca, conduzidas por 2500 artistas.

 

Trabalhadores mobilizados

Mas nem tudo são flores no caminho dos peregrinos.

Muitas categorias profissionais, mobilizadas por seus sindicatos, preparam manifestações e paralisações durante a JMJ.

Os servidores de escolas já estão paralisados e prometem permanecer em greve até 4 de julho. Eles denunciam que não vão receber nenhuma compensação pelos serviços que devem prestar em 900 escolas públicas, onde milhares de peregrinos estarão alojados.

A comissão coordenadora permanente das forças de segurança anunciou uma manifestação junto à Presidência da República, dia 2 de agosto, quando Marcelo Rebelo de Sousa receber o Papa, além de ações nos aeroportos, portos e fronteiras.

Os médicos da rede pública estão sendo convocados para uma greve de 48 horas, em 1 e 2 de agosto, com concentração em frente ao Ministério da Saúde, na capital. Exigem reajuste salarial digno, redução das horas extras e concursos públicos para renovação de pessoal do Serviço Nacional de Saúde.

Já os enfermeiros paralisam suas atividades de 1 a 4 de agosto. Eles pleiteiam o reconhecimento da carreira de enfermagem.

Por sua vez, os trabalhadores de serviços de suporte em solo de aeroportos também estão mobilizados.

Na pauta, o trabalho digno e a garantia de direitos, como o valor extra de 50% sobre a diária a ser paga em feriados, cláusula acordada e que a empresa Portway teria reduzido ou cortado.

O movimento nos aeroportos de Lisboa e do Porto deve ser afetado.

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

 

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