Pessoas foram às ruas em frente ao Knesset, o parlamento de Israel, em Jerusalém, para se opor ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, um dia depois que ele decidiu reiniciar os combates em Gaza, rompendo um acordo de paz que durou dois meses com o Hamas.
Na Estrada 1 – a via mais importante que liga Tel Aviv a Jerusalém – um grupo de manifestantes exibia um cartaz com a frase: “O futuro da aliança ou o futuro de Israel”.
A música refere-se ao fato de que, durante aproximadamente 18 meses de conflito e trégua instável, Netanyahu foi criticado por colocar a estabilidade de sua aliança política acima da segurança nacional, além das vidas dos reféns tanto israelenses quanto palestinos em Gaza.
As alegações surgiram com renovada indignação após o ataque aéreo de Israel em Gaza, que ocorreu durante a noite até a terça-feira (18), resultando na morte de mais de 400 indivíduos, conforme informações do Ministério da Saúde de Gaza, em um dos dias mais letais do conflito.
Para Netanyahu, a reabertura do conflito serviu para fortalecer sua coalizão frágil, enquanto enfrenta um processo judicial por corrupção e se prepara para uma votação significativa sobre o orçamento israelense. No entanto, para muitos cidadãos de Israel, essa nova escalada trouxe à tona uma sensação de desespero e indignação em relação ao governo. Para os palestinos, isso representa o término de um breve período de alívio que durou apenas dois meses.
Em meio a uma multidão de milhares de manifestantes em frente ao Knesset, Elias Shraga, líder do Movimento por um Governo de Qualidade em Israel, uma entidade de supervisão jurídica, afirmou que a ofensiva de Netanyahu em Gaza tinha como objetivo assegurar sua permanência no cargo.
“Netanyahu buscava evitar as consequências legais. Essa é a única explicação para a situação atual de golpe de Estado e para este conflito violento. Trata-se de uma combinação arriscada”, comentou Shraga à CNN.
Netanyahu estava agendado para depor em seu processo de corrupção na terça-feira (18), mas a sessão foi suspensa em razão do reinício das operações militares em Gaza, poucas horas antes de sua ida ao tribunal. O primeiro-ministro afirma não ter cometido nenhuma violação.
“Uma das motivações para sua vontade de evadir-se da justiça é o desejo de preservar sua coalizão, mesmo que isso signifique colocar seu povo em risco. É uma questão bastante clara”, afirmou Shraga, enfatizando que a intensificação dos conflitos evidenciou, mais uma vez, que Netanyahu “não demonstra preocupação com os reféns“ em Gaza, que deveriam ter sido soltos conforme o pacto de trégua.
“Atualmente, estamos penalizando nossos semelhantes, enquanto nosso líder máximo negocia sua própria essência”, afirmou Shraga.
Netanyahu defendeu que a ação militar contra o Hamas é essencial para a libertação dos reféns. (Foto: AFP)