Israel explode único hospital contra o câncer da Faixa de Gaza

Na sexta-feira (21), as Forças de Defesa de Israel (FDI) destruíram o único hospital dedicado ao tratamento de câncer na Faixa de Gaza. O Hospital da Amizade Turco-Palestina, que foi erguido pela Turquia, estava sob a gestão de autoridades locais na região central da cidade de Gaza.

Em comunicado, a FDI afirmou que o Hamas utilizava o espaço.

“O grupo terrorista Hamas utilizou uma instalação no norte de Gaza, que antes funcionava como um hospital turco‘, como um quartel-general, de onde coordenaram e realizaram ações terroristas“, afirma a nota.

A Turquia repudiou a devastação do hospital, alegando que isso faz parte de uma tática de Israel para remover os palestinos da região.

“O ataque intencional a um hospital que oferece cuidados de saúde à população civil em Gaza faz parte da estratégia de Israel de tornar a região inviável para a vida e forçar o deslocamento dos palestinos. Fazemos um apelo à comunidade global para que adote ações efetivas e preventivas contra esses ataques ilegais e o terrorismo de Estado sistemático perpetrado por Israel”, comunicou o Ministério das Relações Exteriores da Turquia em um comunicado.

De acordo com as normas do direito internacional, é fundamental proteger os serviços de saúde em tempos de guerra. Desde 7 de outubro de 2023, várias instituições hospitalares e de saúde em Gaza foram devastadas ou gravemente afetadas.

Israel segue realizando intensos ataques aéreos em Gaza, com ações de combate também no sul da região palestina. A pausa que havia sido estabelecida em 19 de janeiro foi interrompida por Israel na última terça-feira (18). De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, cerca de 600 pessoas perderam a vida desde que os ataques em grande escala foram retomados nesta semana.

A administração do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirma que reiniciou as hostilidades devido à recusa do Hamas em discutir a troca dos 59 reféns que ainda estão sob sua custódia.

O Hamas refuta a alegação de que se afastou das negociações e sustenta que Israel busca iludir a opinião pública para “reiniciar seu massacre contra civis desarmados“.

“O Hamas reafirma que permanece engajado em diálogos e está monitorando os mediadores de maneira responsável e séria”, declarou o grupo nesta sexta-feira.

Destruição total

Nesta semana, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, advertiu os civis da Faixa de Gaza sobre uma possível “aniquilação completa” da área se a população não expulsar o Hamas e não devolver os reféns israelenses.

“Considere a proposta do presidente americano, liberte os cativos e acabe com o Hamas; assim, novas possibilidades surgirão para você, inclusive a oportunidade de se deslocar para diferentes regiões do mundo, para aqueles que desejarem. A outra opção é a completa destruição”, afirma a declaração do ministro de Israel.

O presidente norte-americano, Donald Trump, tem proposto a realocação dos habitantes do enclave para nações diferentes, seguida da anexação da área. Essa proposta é recusada pelos países árabes e pelos líderes palestinos.

 

Entenda

Analistas sobre a situação no Oriente Médio entrevistados pela Agência Brasil acreditam que o retorno do conflito em Israel visa fortalecer o projeto de anexar a região da Faixa de Gaza. Além disso, essa guerra também funcionaria como uma proteção para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que enfrenta acusações de corrupção e a possibilidade de desintegração de seu governo devido à diminuição do apoio dos grupos mais extremistas no parlamento.

A decisão de Israel de interromper o cessar-fogo era prevista e reflete suas próprias aspirações. O reinício da violência contra os habitantes de Gaza, sob a justificativa de lutar contra o terrorismo/Hamas, integra uma tática de ocupação ilegal e de anexação de territórios em Gaza“, analisou a professora de pós-graduação em Relações Internacionais da PUC de Minas Gerais, Rashmi Singh. (Foto: Reuters)

 

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