Henrique Acker (correspondente internacional) – Depois da ofensiva militar em Gaza e das investidas contra a Cisjordânia ocupada, o governo de Israel decidiu atacar violentamente o Líbano. Os bombardeios iniciaram na semana passada e prosseguiram nesta segunda, 23 de setembro. Até o fechamento desta matéria foram confirmadas 274 mortes e 1.024 pessoas feridas, de acordo com o Ministério da Saúde libanês.
Não só as cidades e povoados do Sul do país e o Vale do Bekaa foram atingidos por mais de 180 bombardeios aéreos desde a sexta-feira (20/9), mas também a capital Beirute.
Na semana passada a explosão de pagers provocou a morte de alguns membros do Hezbollah e causou ferimentos em cerca de 2.800 pessoas no Líbano. O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, disse na sexta-feira que os orquestradores das explosões violaram a lei internacional. Ele pediu uma investigação completa do caso.
Em resposta, cerca de 150 foguetes foram disparados pelo Hezbollah para o Norte de Israel. A maioria dos foguetes foi interceptada e destruída pelo escudo de ferro, estrutura de defesa anti-aérea de Israel. Cerca de 300 alvos do Hezbollah teriam sido atingidos, segundo fontes israelenses.
Mapas da região:
Israel fecha escritório da Al Jazeera na Cisjordânia
No domingo (22/9) soldados de Israel fecharam o escritório da TV Al Jazeera, em Ramallah (Cisjordânia) por 45 dias. A emissora de origem catari, transmite em Inglês para todo o Mundo, com destaque para o noticiário sobre o Oriente Médio.
Equipamentos foram danificados e confiscados pelos soldados. O acesso ao escritório da emissora foi bloqueado por portas de ferro instaladas pelos militares israelenses. A Al Jazeera é acusada por Israel de “apoiar atividades terroristas”.
Em um comunicado, a emissora rejeitou firmemente “as ações draconianas e as alegações infundadas apresentadas pelas autoridades israelenses para justificar esses ataques ilegais”.
A Al Jazeera segue transmitindo desde Gaza, reportando os acontecimentos e mostrando imagens da destruição causada pelos bombardeios israelenses.
Em operação desde 2006, a Al Jazeera (A Península), tem transmissão em Inglês e alcança mais de 100 países por meio de cabo ou satélite, além do serviço aberto online, via internet. Em 4 de maio de 2024, o governo israelense fechou a Al Jazeera em Israel e autorizou a apreensão de seu equipamento, por motivo de “segurança nacional”.
Declarações apontam para escalada do conflito
“Estamos determinados a garantir que as pessoas no norte (de Israel) possam regressar a casa em segurança. Nenhum país pode tolerar disparos contra o seu povo, as suas cidades, e nós também não toleraremos isso”, declarou no domingo Herzi Halevi, chefe do Estado-Maior do Exército israelita.
O primeiro-ministro do Líbano chamou os ataques de Israel ao seu país de “um plano que visa destruir vilas e cidades libanesas”. Em entrevista coletiva com o gabinete do Líbano no início desta manhã, Najib Mikati disse que as ações de Israel marcaram “uma guerra de extermínio em todos os sentidos da palavra”.
“As ameaças não nos vão deter. Estamos prontos para todos os cenários militares” contra Israel, disse Naim Qassem, vice-líder do Hezbollah, durante o funeral de um dos comandantes do grupo morto na sexta-feira num ataque israelita em Beirute.
As IDF de Israel acusam o Hezbollah de ter “militarizado a infraestrutura civil” e “transformado o sul do Líbano em um campo de batalha”. O porta-voz das iDF aconselhou “civis de vilas libanesas localizadas dentro e ao lado de prédios e áreas usadas pelo Hezbollah para fins militares” a se afastarem imediatamente do perigo, para sua própria segurança.
Seguem os protestos contra Netanyahu em Israel
No sábado, 21 de setembro, novos protestos de rua foram realizados em cidades israelenses, pedindo um acordo de cessar-fogo e pela imediata libertação dos reféns. Houve também manifestações contra a coalizão sionista de ultra-direita que governo Israel.
Antes dos protestos, vários parentes dos reféns emitiram uma declaração à mídia. Einav Zangauker, mãe de um dos reféns, disse que “agora todos veem que Netanyahu escolheu uma escalada regional e decidiu sacrificar os reféns no altar da preservação de seu poder”.
O balanço do massacre militar de onze meses na Faixa de Gaza dá conta que as tropas israelenses já mataram 41.431 e feriram 95.818 palestinos. Desses, 70% são mulheres e crianças (16.795). Na Cisjordânia, as tropas de Israel mataram 714 pessoas desde o 7 de outubro de 2023. No total, Israel mantém 10.800 prisioneiros palestinos.
Entre os mortos pela ofensiva militar israelense em Gaza estão 174 jornalistas e trabalhadores de mídia, além de 220 trabalhadores de serviços humanitários da ONU.
Nos ataques do Hamas na fronteira de Gaza com israel, em 7 de outubro, foram registrados 1.139 mortos. Até 1 de abril o governo israelense reconheceu a morte de 600 soldados e de outros 1.500 feridos. (Foto principal: AFP)
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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Fontes: