Israel avisa que vai invadir o Líbano

Henrique Acker (correspondente internacional) – Nem o Hezbollah, nem o exército oficial libanês e muito menos as tropas especiais da ONU no Líbano confirmaram a entrada de tropas israelenses no país, até o meio-dia desta terça-feira, 1 de outubro. No entanto, Israel já avisou que deve iniciar a qualquer momento uma incursão militar que chama de “limitada, localizada e direcionada”. O objetivo seria destruir as capacidades militares do Hezbollah e não ocupar o Líbano.

A ofensiva militar faz parte de um plano que vinha sendo traçado pelos israelenses há meses. A justificativa oficial do governo de extrema-direita de Tel Aviv para atacar o sul do Líbano é combater e expulsar o Hezbollah, para garantir o retorno de cerca de 90 mil israelenses que se retiraram do Norte do país, em função dos bombardeios na região.

Desde 7 de outubro de 2023 o Hezbollah dispara foguetes contra alvos militares no Norte de Israel. Nas últimas semanas, além de manter os bombardeios e a ocupação militar da Faixa de Gaza, Israel matou o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, e o líder máximo do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em Beirute.

O porta-voz das IDF já enviou aviso à população civil do Sul do Líbano para se retirar para o outro lado do Rio Litani, ao norte. Quanto fechamos esta matéria, tanques, veículos de combate e tropas já estavam concentrados na fronteira entre os dois países, preparados para a ação. A se confirmar a ofensiva militar, será a quarta vez que Israel invade o Líbano desde 1980.

 

Nuvem de fumaça emerge de povoado de Kfar Kila, no sul do Líbano, após bombardeios de Israel à área, em 20 de setembro de 2024 (Foto: Karamallah Daher/ Reuters)

 

Pessoas se reúnem em torno de um prédio bombardeado num subúrbio ao sul de Beirute – (Foto: Unicef/Dar al Mussawir)

 

Violação das resoluções da ONU

Diferente do Hamas, cujas forças militares são limitadas, o Hezbollah (Partido de Deus), fundado em 1982, é uma organização político-militar com forte atuação social, sobretudo no Sul do Líbano, majoritariamente muçulmana xiita.

Calcula-se que o Hezbollah tenha entre 70 e 100 mil homens treinados e armados, além de 200 mil mísseis, foguetes e drones. O grupo também tem representação parlamentar e no governo do Líbano.

Nos EUA, o governo Biden anunciou que apoia uma operação limitada de Israel no Sul do Líbano, e que enviará mais dois mil efetivos, além de aviões. Cerca de 40 mil soldados estadunidenses encontram-se no Oriente Médio.

“Qualquer passagem para o Líbano constitui uma violação da soberania libanesa e da integridade territorial, bem como uma violação das resoluções da ONU”, diz um comunicado emitido pela missão de paz da ONU que atua no Líbano (UNIFIL).

 

Integrantes do Hezbollah marcham em Beirute – (Foto: Aziz Taher/Reuters)

 

Refugiados e desalojados

Cerca de um milhão de libaneses — um quinto da população residente no país — já abandonaram o Sul do país desde 24 de setembro. Em torno de 100 mil pessoas cruzaram a fronteira com a Síria e estima-se que 90 mil libaneses estejam vivendo nas ruas da capital, Beirute.

O Líbano concentra 12 campos de refugiados palestinos, nos quais vivem em torno de 250 mil pessoas. Em duas semanas de bombardeios israelenses, o governo libanês registra mais de 1.000 mortos e seis mil feridos.

Em 2018, a população do Líbano foi estimada em 6,9 milhões de pessoas, e é composta por diversos grupos étnicos e religiosos: 27% muçulmanos xiitas e outros 27% sunitas, cristãos maronitas (21%), ortodoxos gregos (8%), melquitas greco-católicos (5%), católicos romanos, protestantes e outros cristãos (6,5% de armênios, coptas, caldeas e assírios) e outras, incluindo as seitas alauita e drusa (5,6%).

O país possui um território de 10 452 quilômetros quadrados e tem um litoral de 225 km ao longo do mar Mediterrâneo a oeste, uma fronteira de 375 km com a Síria ao norte e oeste, além de uma fronteira de 79 km de comprimento com Israel ao sul.[105] A fronteira ocupada por Israel nas colinas de Golã é disputada pelo Líbano, ocupadas desde a guerra dos seis dias, em 1967. (Foto: Hannibal Hanschke/Epa-Efe/Rex/Shutterstock)

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

 

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Fontes:

SAPO

BBC News

R7

ONU News

Wikipédia – Líbano

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