O grupo de médicos estava em um quiosque na orla, na Barra da Tijuca, quando criminosos armados saíram de um carro e atiraram contra o estabelecimento. Um quarto ortopedista está ferido
Três médicos ortopedistas foram mortos a tiros em um quiosque da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, na madrugada desta quinta-feira (5). Entre as vítimas está o irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP), o especialista em reconstrução óssea, Diego Ralf Bomfim. Além dele, os médicos Daniel Sonnewend Proença, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida também foram atingidos com os disparos. Um quarto médico foi atingido com três tiros, mas sobreviveu e está em internado em estado grave. Todo o grupo era de São Paulo e estavam no Rio de Janeiro para participar de um congresso de ortopedia.
No quiosque na orla, na Avenida Lúcio Costa, o grupo foi surpreendido por criminosos armados que saíram de um carro e fizeram disparos contra o estabelecimento. A ação criminosa foi flagrada por uma câmera, que mostra a movimentação dos assassinos. Assim que o veículo encosta na pista ao lado da ciclovia, os homens descem, correm na direção das vítimas e efetuam pelo menos 20 disparos. De acordo com as imagens, o crime aconteceu às 00h59. Outros dois clientes que estavam sentados em mesa do estabelecimento correram no momento dos disparos. O ataque durou menos de 30 segundos.
De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, por meio da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), “a perícia foi realizada no local, testemunhas estão sendo ouvidas e imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas”. “Diligências estão em andamento para apurar a autoria e a motivação do crime”, diz a nota da polícia. A Polícia Civil do estado suspeita da possibilidade de execução, pois nenhum pertence deles foram levados e os criminosos só chegaram disparando tiros no local em que os ortopedistas estavam. Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver que um dos homens armados voltam rapidamente ao quiosque antes de fugir para se certificar de que todos foram atingidos.
Polícia Federal
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou à Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira o acompanhamento das investigações sobre as execuções. “Em face da hipótese de relação com a atuação de dois parlamentares federais, determinei à Polícia Federal que acompanhe as investigações sobre a execução de médicos no Rio. Após essas providências iniciais imediatas, analisaremos juridicamente o caso. Minha solidariedade à deputada Sâmia, ao deputado Glauber e familiares”, informou Dino em seu perfil no X, ex-Twitter, em menção ao deputado federal pelo Rio de Janeiro Glauber Braga (PSOL), que é cunhado de Diego e companheiro de Sâmia Bomfim.
Dino afirma, ainda, ter conversado sobre o caso com o governador do Rio, Cláudio Castro, que teria informado que a Polícia Civil já está realizando diligências investigatórias. “Sobre a execução dos médicos, conversei agora com o governador do Rio, Cláudio Castro. Polícia Civil já realizando diligências investigatórias. Polícia Federal também. Secretário Executivo do MJ, Ricardo Cappelli, irá ao Rio e reunirá com a direção da PF e com o governo do Estado. Eu estou indo para a Bahia, reforçar ações lá. Reitero a minha solidariedade aos familiares de todas as vítimas”.
O presidente Lula lamentou a morte dos médicos e reforçou que a PF vai acompanhar o caso. “Recebi com grande tristeza e indignação a notícia da execução de Diego Ralf Bomfim, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida na orla da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, na madrugada desta quinta-feira”, escreveu Lula no X, antigo Twitter. “A Polícia Federal, sob determinação do ministro Flávio Dino, está acompanhando o caso”, acrescentou.
Autoridades cobram investigações
Nas redes sociais, parlamentares se solidarizaram com a deputada Sâmia Bomfim e cobraram investigação. O caso também foi comparado ao assassinato da vereadora Marielle Franco, no centro do Rio de Janeiro, em 2018. O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) chamou de “gravíssima a execução”. “É fundamental que a Polícia Federal apure e esclareça o ocorrido e se há conexão com a execução de Marielle Franco. Deixo minhas condolências a querida deputada Sâmia Bomfim e aos demais familiares e amigos e por essa perda terrível”, escreveu Suplicy.
Presidente da Embratur, Marcelo Freixo, também cobrou a identificação e punição dos responsáveis pelo crime. “O Rio de Janeiro viveu mais uma noite de horror provocado pela violência. Os médicos Marcos Corsato, Diego Bomfim e Perseu Almeida foram barbaramente assassinados num quiosque na Barra da Tijuca. Minha solidariedade à amiga Sâmia Bomfim, irmã de Diego, e aos familiares e amigos das vítimas. Os responsáveis por esse crime brutal têm que ser identificados e punidos”.
Em nota, o Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) lamentou as mortes. “O Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP recebeu com consternação a notícia do falecimento de Marcos de Andrade Corsato, médico assistente dedicado e atuante do grupo de Tornozelo e Pé da instituição, bem como dos ex residentes Diego Ralf Bomfim e Perseu Ribeiro Almeida. O IOT- HCFMUSP estende as condolências aos familiares e amigos.”
A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) também comentou o assassinato. “O Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP recebeu com consternação a notícia do falecimento de Marcos de Andrade Corsato, médico assistente dedicado e atuante do grupo de Tornozelo e Pé da instituição, bem como dos ex residentes Diego Ralf Bomfim e Perseu Ribeiro Almeida. O IOT- HCFMUSP estende as condolências aos familiares e amigos”, diz a nota.
O PSOL também prestou solidariedade por meio de nota. “Expressamos toda nossa solidariedade e apoio à deputada e à sua família, assim como aos familiares dos colegas de Diego. Exigimos às autoridades competentes que investiguem este crime de forma rigorosa e eficiente, para que os responsáveis sejam identificados e punidos de acordo com a lei. O PSOL também reforça seu compromisso com a luta por um Brasil mais seguro, justo e igualitário, onde vidas não sejam perdidas para a violência desenfreada.”
Legenda da foto: Marcos de Andrade Corsato (à esquerda), Perseu Ribeiro Almeida (centro) e Diego Ralf Bomfim foram os médicos assassinados no quiosque (Foto: Reprodução/Redes Sociais)