Ipea: siderurgia brasileira perderá US$ 1,5 bi com tarifas de Trump

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estimou que as novas tarifas de importação de aço impostas pelos Estados Unidos resultarão em uma perda de US$ 1,5 bilhão nas exportações do setor siderúrgico brasileiro, além de uma redução na produção de cerca de 700 mil toneladas. A nova taxação entrou em vigor nesta quarta-feira e afeta o Brasil, que envia mais de 50% de sua produção para os Estados Unidos.

“Esse cenário ocorre porque os Estados Unidos representam um mercado significativo para o aço do Brasil. Em 2024, último ano com dados consolidados, mais da metade das exportações brasileiras teve como destino esse país. Assim, trata-se de um mercado essencial para o setor de aço no Brasil, destacando a relevância de abordar essa questão“, esclarece Fernando Ribeiro, coordenador de Relações Econômicas Internacionais do Ipea, em uma nota divulgada pela instituição.

 

Considerando a importância do mercado dos Estados Unidos para a indústria do aço no Brasil, o Instituto Aço Brasil e suas empresas afiliadas, em comunicado emitido nesta quarta-feira, declararam que “continuam otimistas de que, por meio da criação de um canal de comunicação entre o governo brasileiro e o governo dos EUA, será viável avançar nas discussões para reestabelecer os fundamentos do sistema de importação que foi implementado no primeiro mandato de Donald Trump com o Brasil, em 2018, e que esteve em vigor até esta terça-feira”.

Durante o primeiro mandato de Trump, foram definidas cotas de importação de 3,5 milhões de toneladas de produtos semiacabados e 687 mil toneladas de produtos laminados, isentas de tarifas, conforme a associação. Contudo, na última sexta-feira, os diretores executivos das três principais empresas siderúrgicas dos Estados Unidos requisitaram ao presidente Donald Trump que não ceda em sua decisão de aplicar uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço. Eles argumentam que substituir a tarifa por cotas, uma estratégia utilizada na administração anterior do republicano, não trouxe resultados significativos e que a manutenção das tarifas como estão é uma questão relacionada à segurança do país.

De acordo com a análise realizada pelo Ipea, as tarifas impostas por Trump poderão resultar em uma diminuição de 2,19% na produção, redução de 11,27% nas exportações do metal e uma queda de 1,09% nas importações. Os cálculos de Ribeiro indicam que a influência no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil será mínima, com uma variação de apenas -0,01%, além de -0,03% nas exportações totais. Ribeiro sugere que é necessário negociar para restabelecer a situação anterior à implementação das novas taxas.

O Brasil possui um setor siderúrgico bem estruturado e robusto, que se destaca na exportação, especialmente de produtos semiacabados. Segundo Ribeiro, é fundamental que o país estabeleça algum tipo de diálogo com o governo dos Estados Unidos para reverter essa decisão e evitar possíveis danos à indústria..

De acordo com uma declaração do Instituto Aço Brasil, a indústria nacional atendeu a 60% das necessidades das usinas norte-americanas em relação a chapas, totalizando 5,6 milhões de toneladas.

A Aço Brasil destaca que a falta de renovação do acordo resultará em prejuízos não apenas para a indústria do aço no Brasil, mas também para a indústria siderúrgica nos Estados Unidos. (Foto: Reprodução)

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