Investigação sobre ‘Abin Paralela’ fecha cerco a Carlos Bolsonaro: ‘pegamos ele’, diz agente da PF

“As coisas se conectam: Abin paralela e milícias digitais”, diz um investigador da Polícia Federal

 

Os inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal (STF)  trarão, nas próximas semanas, especial transtorno a Carlos Bolsonaro (PL), vereador do Rio de Janeiro. O filho “Zero Dois” de Jair Bolsonaro é investigado em duas frentes na Corte por envolvimento com milícias digitais e com a apelidada “Abin paralela”. Estas investigações são conduzidas pela Polícia Federal (PF).

A “Abin paralela” refere-se a um esquema clandestino de monitoramento, alegadamente organizado durante o governo de Jair Bolsonaro na Agência Brasileira de Inteligência. Este esquema teria utilizado recursos do serviço secreto brasileiro para espionar autoridades públicas, adversários políticos e outras figuras de interesse do Planalto, tudo sem a devida autorização judicial.

O relatório da PF sobre esse esquema está em fase final de revisão e será encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes no STF em breve. Um investigador da PF afirmou com segurança: “pegamos ele”, em referência às provas que ligariam Carlos Bolsonaro ao esquema. A declaração foi dada à coluna Radar, de Robson Bonin, na revista Veja.

Carlos Bolsonaro é também acusado de ter envolvimento com milícias digitais — grupos organizados que utilizam a internet para espalhar desinformação e atacar adversários políticos. De acordo com a PF, há uma interconexão clara entre a operação das milícias digitais e a “Abin paralela”. “As coisas se conectam: Abin paralela e milícias digitais”, comentou o investigador.

Em janeiro deste ano, Carlos Bolsonaro foi alvo de mandados de busca. Com a comprovação de seu possível envolvimento com o uso indevido de ferramentas de geolocalização para espionagem ilegal, o vereador poderá enfrentar uma série de acusações criminais.

Na quarta-feira (12), o vereador se desesperou diante da informação de que a PF deve negociar acordos de delações premiadas com investigados no inquérito que apura o uso de um software espião para monitorar adversários e autoridades. Nas redes, Carlos publicou uma captura de tela de uma matéria da CNN Brasil sobre o assunto destacando a possibilidade de delações no inquérito, que se aproxima de sua conclusão.

“Vamos lá, Polícia Federal. A gente sabe como o setor de inteligência trabalha muito, a se ver pela conclusão da tentativa de assassinato do meu pai. Serviu pra alguma coisa as buscas e apreensões em todo meu universo ou foi só o computador da Daniella Lima que acharam na minha casa? Qualquer um sabe que vem mais maldade direcionada por aí. Vamo democracia inabalável”, escreveu.

Delações

Em café da manhã com jornalistas na sede da Polícia Federal em Brasília, na última terça-feira (11), o diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, informou que o inquérito sobre a “Abin Paralela” está caminhando para sua conclusão e que, neste momento, tenta negociar delações premiadas com investigados. “Em julho, agosto, a gente conclui o inquérito. Tem diligências finais, tem a possibilidade de colaborações de investigados e que está em fase de discussão interna com os possíveis colaboradores, e análise de material”, revelou Rodrigues.

Na decisão em que deu aval ao cumprimento dos mandados de busca e apreensão contra o clã Bolsonaro, Alexandre de Moraes apontou um um núcleo político da OrCrim bolsonarista em que Carlos Bolsonaro e seus assessores figuram como os principais membros.

(Foto: Ricardo Moraes/Reuters)

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