Crianças que já enfrentam vulnerabilidades sociais tornam-se mais expostas a perigos no ambiente online após a decisão da Meta de diminuir as regras de moderação em suas plataformas. Essa análise é feita por Pedro Hartung, pesquisador e diretor de Políticas e Direitos das Crianças do Instituto Alana.
“A internet exacerba as fragilidades que já estão presentes no mundo físico”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.
Ele aponta que a internet se tornou um “campo de perigos” para jovens e crianças. Além disso, ressalta que, quando as plataformas não são projetadas para combater essas violências, acabam por intensificar e ampliar as desigualdades existentes.
“Crianças negras, que vivem em áreas periféricas e meninas são mais vulneráveis a essas violências no ambiente digital, não apenas pela reprodução de um contexto social violento, mas também devido ao crescimento dessa violência“, destacou Pedro Hartung.
O investigador expressa sua preocupação com a escassez de envolvimento das grandes corporações em discussões, como a que ocorreu recentemente, durante uma audiência pública na Advocacia-Geral da União (AGU), que reuniu estudiosos e membros da sociedade civil para apresentar argumentos sobre a questão.
Ele destaca que 2025 é um marco de 35 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e menciona que o país enfrenta desafios para lidar com o que considera ser um “colonialismo digital”. Além disso, chama a atenção para o aumento da possibilidade de crimes nas redes sociais, como Instagram e Facebook, da Meta, devido à diminuição da moderação. “Não estamos tratando apenas de questões relacionadas à expressão de uma opinião”.
Como resultado, ele reconhece a importância de o governo implementar a legislação e de estabelecer uma política voltada para a educação digital. (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)