Inflação entre 4% e 5% é relativamente normal, diz Haddad

O índice de inflação que o Brasil apresenta atualmente está considerado razoável dentro do contexto do Plano Real, afirmou na última segunda-feira (17) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Durante uma conferência do Fundo Monetário Internacional (FMI) na Arábia Saudita, Haddad fez uma análise de que o país superou a fase em que a inflação se mantinha em patamares ao redor de dois dígitos.

“O Brasil tem se esforçado para alcançar um equilíbrio e um desenvolvimento sustentável, mesmo durante um período de ajustes significativos. O país conseguiu se afastar de uma inflação acima de dois dígitos há três anos. Atualmente, estamos enfrentando uma inflação na faixa de 4% a 5%, índice considerado relativamente normal desde a implementação do Plano Real, há 26 anos”, afirmou o ministro durante o painel “Um caminho para a resiliência dos mercados emergentes”.

Embora ainda esteja em um dígito, a inflação ultrapassou o limite da meta em 2024 e, segundo as expectativas do mercado financeiro, deve repetir esse cenário neste ano. De acordo com o boletim Focus, uma pesquisa realizada semanalmente pelo Banco Central (BC) com instituições do setor financeiro, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá fechar 2025 em 5,6%, mais de um ponto percentual acima do limite da meta, que é de 4,5%.

No ano anterior, a inflação medida pelo IPCA atingiu 4,83%, ultrapassando o limite estabelecido de 4,5%. Seguindo a normativa vigente, o Banco Central encaminhou uma correspondência explicando o descumprimento da meta devido à valorização da moeda americana, questões climáticas e o crescimento econômico.

 

Metas de inflação

Através do sistema de metas de inflação a longo prazo, a cada semestre, o Banco Central deverá elaborar uma carta se a inflação acumulada em 12 meses ultrapassar a meta estabelecida de 3%, considerando uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Durante o evento do FMI, realizado na cidade saudita de Al-Ula, Haddad reiterou os argumentos contidos na carta do Banco Central. O ministro associou o aumento da inflação à valorização do dólar em nível global no segundo semestre do ano anterior, um período caracterizado pelas eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Entre os 12 e 30 anos, a inflação permaneceu inferior a 5%, assim como ocorre atualmente. O fortalecimento do dólar no cenário global resultou em um aumento temporário da inflação no segundo semestre do ano passado; por essa razão, o Banco Central precisou atuar [aumentando as taxas de juros] para assegurar o controle da inflação, explicou Haddad.

Câmbio

Recentemente, o ministro mencionou que, devido à alta do real, é esperado que os preços se ajustem. “O crescimento das taxas ocorrerá em um futuro próximo. O dólar retornou a um patamar apropriado e teve uma queda de 10% nos últimos dois meses. Acredito que isso contribuirá para a estabilidade da inflação”, ressaltou.

Neste momento, a Taxa Selic está estabelecida em 13,25% ao ano, mas é esperado que aumente para 14,25% na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, conforme anunciou a própria entidade financeira no começo do mês.

G20

Haddad enfatizou a reforma tributária relacionada ao consumo, aprovada no final do ano anterior, que promete impulsionar o crescimento econômico nos anos vindouros. De acordo com o ministro, o Brasil está se esforçando para alcançar um equilíbrio sustentável, mesmo enfrentando um significativo ajuste fiscal e diversas incertezas do cenário internacional.

O ministro recordou a liderança do Brasil no G20, que é composto pelas 19 principais economias do mundo, além da União Europeia e da União Africana. De acordo com Haddad, o Brasil deixou uma herança de promoção da reglobalização sustentável, buscando harmonizar os interesses do mercado com o enfrentamento das desigualdades e a transição para energias limpas.

Como mediadora da discussão, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, ressaltou a habilidade das economias em se ajustarem a crises globais, que se tornaram mais frequentes nos últimos tempos devido a eventos como a pandemia de Covid-19 e a agravamento das alterações climáticas. Ela argumentou que as economias em desenvolvimento precisam focar na resiliência“, preparando-se para mitigar e lidar com os impactos da geopolítica e de crises externas. (Foto: Diogo Zacarias/MF)

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