Com queda significativa de 0,67 p.p. em relação a fevereiro, o índice acumulado no ano atinge 1,42%, refletindo alívio nos setores de alimentação, educação e transportes
A inflação oficial no Brasil desacelerou significativamente em março, registrando um aumento de apenas 0,16%, uma queda notável de 0,67 ponto percentual em relação a fevereiro, quando o índice atingiu 0,83%. Segundo os dados mais recentes do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (10), a inflação acumulada no ano é de 1,42%, com uma taxa de 3,93% nos últimos 12 meses, uma redução em comparação com o mesmo período do ano anterior, que havia registrado 0,71%.
Entre os nove grupos de produtos e serviços analisados, seis apresentaram alta de fevereiro para março. “Essa desaceleração na inflação também é explicada pelo fato de que, em fevereiro, os preços da Educação tiveram alta significativa por conta dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo, o que não aconteceu em março”, explica o gerente da pesquisa, André Almeida, citando o grupo que saiu de alta de 4,98% para 0,14%.
Apesar disso, o grupamento de Alimentação e bebidas foi o que registrou o maior impacto (0,11 p.p.) e a maior variação (0,53%), mas também em movimento de menor alta, abaixo da que havia sido registrada em fevereiro (0,95%). “Problemas relacionados às questões climáticas fizeram os preços dos alimentos, em geral, aumentarem nos últimos meses. Em março, os preços seguem subindo, mas com menos intensidade”, aponta o pesquisador.
A alimentação no domicílio desacelerou de 1,12% em fevereiro para 0,59% em março. Destacam-se as altas da cebola (14,34%), do tomate (9,85%), do ovo de galinha (4,59%), das frutas (3,75%) e do leite longa vida (2,63%). “O caso do ovo de galinha tem uma explicação própria: tratou-se de um período em que uma parcela da população faz a opção de não comer carne por questões religiosas, aumentando a demanda dessa proteína”, ressalta Almeida. A alimentação fora do domicílio (0,35%) também desacelerou em relação ao mês anterior (0,49%). Já o lanche acelerou de 0,25% para 0,66%, mas a refeição (0,09%) teve uma alta menor que em fevereiro (0,67%).
O segmento de Transportes, que havia registrado aumento em fevereiro, viu uma queda de 0,33% em março, impulsionada pela diminuição nos preços da passagem aérea (-9,14%) e da gasolina (de 2,93% em fevereiro para 0,21% em março). A desaceleração nos preços dos combustíveis, como o etanol, gás veicular e óleo diesel, também contribuiu para a queda geral do índice. Em Habitação, a alta de 0,19% teve a energia elétrica como destaque, com preços 0,12% mais altos, influenciada por reajustes de 3,84%, a partir de 15 de março, e de 2,76%, a partir de 19 de março, aplicados nas duas concessionárias pesquisadas no Rio de Janeiro (1,18%).
Já em taxa de água e esgoto, o aumento de 0,04% foi impactado pelo reajuste de 4,04% em Aracaju (4,04%), a partir de 1º de março. Por fim, no resultado do gás encanado (-0,05%), houve apropriação residual dos reajustes tarifários, com vigência a partir de 1º de fevereiro, no Rio de Janeiro (-0,09%), redução média de 1,30%; e em Curitiba (-0,15%), redução de 2,29%.
O grupo de Despesas pessoais acelerou de 0,05% para 0,33% na passagem de fevereiro para março, com influência do item Cinema, teatro e concertos, que teve alta de 5,14% e impacto de 0,02 p.p. no IPCA do mês. “Na última semana de fevereiro, após o carnaval, houve uma campanha para ingressos com valores promocionais para o cinema. Isso acabou impactando no índice daquele mês, ocorrendo, agora em março, uma devolução ao patamar regular”, explica o pesquisador.
Regionalmente, apenas Porto Alegre (-0,13%) registrou recuo de preços em março, enquanto São Luís (0,81%) apresentou a maior alta, impulsionada pelo aumento significativo no preço do tomate (23,51%). Paralelamente, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) também registrou alta de 0,19% em março, marcando uma desaceleração em relação ao mês anterior. Os dados divulgados pelo IBGE reforçam a percepção de um alívio no custo de vida para os brasileiros, com uma desaceleração generalizada na inflação em março. Essa tendência positiva, especialmente nos segmentos de alimentos e transportes, contribui para um cenário econômico mais estável e favorável à população.
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