Inflação desacelera 0,13% em setembro, mas energia elétrica pesa

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta em setembro, sendo que a maior variação positiva (0,50%) veio da Habitação, devido ao aumento na tarifa de energia elétrica. Em 12 meses, o IPCA-15 tem alta de 4,12%

 

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do país, desacelerou para 0,13% em setembro, após alta de 0,19% em agosto, conforme informou nesta quarta-feira (25) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano, o IPCA-15 acumula alta de 3,15%. No acumulado dos últimos 12 meses, a taxa é de 4,12%, abaixo dos 4,35% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2023, o IPCA-15 tinha ficado em 0,35%.

Os dados de setembro vieram abaixo do consenso de analistas do mercado, que previam inflação mensal acelerando para 0,30% e taxa anualizada de 4,30%. O IPCA-E, indicador para o IPCA-15 acumulado trimestralmente, foi de 0,62%, acima da taxa de 0,56% registrada em igual período de 2023.

O resultado mensal reforça a tendência de queda na intensidade do aumento de preços no Brasil. Em setembro, o IPCA-15 foi medido com base em preços coletados no período de 15 de agosto a 13 de setembro de 2024. Neste período, alimentos e bebidas subiram 0,05%. Houve, porém, queda de 0,01% no preço da alimentação no domicílio, puxada pela redução do preço da cebola (-21,88%), da batata-inglesa (-13,45%) e do tomate (-10,70%). Subiram o mamão (30,02%), a banana-prata (7,29%) e o café moído (3,32%).

O aumento na energia elétrica pressionou a alta de preço dos itens de habitação. A categoria registrou elevação de 0,50% entre meados de agosto e começo de setembro. Isso porque a conta de luz residencial subiu 0,84% no período, com a vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 1 a partir do primeiro dia deste mês. Além disso, houve reajustes com redução de 2,75% em Belém (-2,52%), a partir de 7 de agosto; e reajuste médio de 0,06% em uma das concessionárias de Porto Alegre (2,81%), a partir de 19 de agosto.

Ainda em Habitação, foi destacada a alta da taxa de água e esgoto (0,38%) após reajustes tarifários de redução média de 0,61% em São Paulo (-0,15%), a partir de 23 de julho; de 5,81% em Salvador (3,02%), a partir de 1º de agosto; e de 8,05% em Fortaleza (5,23%), a partir de 5 de agosto.

Os outros três grupos que registraram altas no IPCA-15 de setembro foram Saúde e Cuidados Pessoais (0,32%), Artigos de residência (0,17%), Vestuário (0,12%), Educação (0,05%) e Comunicação (0,07%). Apenas Despesas Pessoais (-0,04%) e Transportes (-0,08%) apresentaram queda. Neste último, com impacto de -0,02 p.p., o resultado foi influenciado pela gasolina (-0,66% e -0,03 p.p.).

Em relação aos demais combustíveis (-0,64%), o etanol (-1,22%) também recuou, enquanto o gás veicular (2,94%) e o óleo diesel (0,18%) apresentaram altas. As passagens aéreas registraram aumento nos preços (4,51% e 0,03 p.p).

Na análise regional, sete áreas de abrangência do IPCA-15 tiveram alta em setembro. A maior variação foi em Salvador (0,35%), impactada pelas altas da gasolina (2,17%) e do gás de botijão (3,04%). Já o menor resultado foi em Recife (-0,37%), com influência das quedas nos preços da gasolina (-4,51%) e da cebola (-31,80%).

 

Juros

No ano, o IPCA-15 acumula alta de 3,15%. No acumulado dos últimos 12 meses, a taxa é de 4,12%, abaixo dos 4,35% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. A queda no acumulado de 12 meses reforça a possibilidade de a inflação fechar o ano dentro dos 4,5% estipulados pelo governo. Mesmo com cenário favorável para o cumprimento da meta, temores de que isso possa não ocorrer justificaram a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar a taxa básica de juros da economia na semana passada.

Após dois anos sem alta, a Selic subiu neste mês, passando de 10,5% ao ano para 10,75% ao ano. O Copom indicou, após essa decisão, que novos aumentos devem ocorrer futuramente.

(Foto:  Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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