Inflação acelera em abril com peso de alimentos e remédios, mas cai a taxa acumulada em 12 meses

IPCA aumentou 0,38% no mês e contabiliza alta de 3,69% no período de um ano, segundo o IBGE. Resultado veio acima das expectativas do mercado financeiro, que esperavam alta de 0,35% no mês

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador de inflação oficial do País, voltou a acelerar e fechou o mês de abril em 0,38%, superando os 0,16% registrados no mês anterior. A alta de preços foi puxada pelo aumento do custo dos alimentos e remédios. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano, o IPCA acumula alta de 1,80% e, nos últimos 12 meses, de 3,69%. Em março de 2023, a variação havia sido de 0,61% e o indicador acumulava alta de 4,18% em 12 meses. Os dados de abril ficaram acima do esperado, pois o consenso LSEG de analistas estimava inflação de 0,35% na comparação mensal. A estimava para a inflação em 12 meses era de 3,66%.

Segundo o IBGE, o grupo de despesas alimentação e bebidas registrou alta de preços de 0,7% no mês, puxada por itens como mamão (22,76%), cebola (15,63%), tomate (14,09%) e café moído (3,08%). Sozinho, o grupo foi responsável por 0,15 pontos dos 0,38% do IPCA de abril. “Fenômenos climáticos ocorridos no fim de 2023 e no começo de 2024 afetaram a produção”, explica André Almeida, gerente do IPCA.

Já os itens de saúde e cuidados pessoais tiveram elevação de preços de 1,16%, correspondendo por outros 0,15 pontos do IPCA. Os itens com maior destaque foram os produtos farmacêuticos (com alta de 2,84%), impactados pela autorização de reajuste de até 4,5% nos preços dos medicamentos a partir de 31 de março.

“Saúde e cuidados pessoais foi impactado pela alta de preços dos produtos farmacêuticos (2,84%), em decorrência do reajuste de até 4,5% autorizado pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), a partir de 31 de março”, acrescenta André Almeida.

Por outro lado, os artigos de residência e habitação tiveram deflação (queda de preços) no mês, de 0,26% e 0,01%, respectivamente. Os demais grupos de despesas apresentaram as seguintes taxas de inflação: vestuário (0,55%), comunicação (0,48%), transportes (0,14%), despesas pessoais (0,10%) e educação (0,05%).

De acordo com o IBGE, o IPCA acumula taxa de inflação de 1,8% no ano. Em 12 meses, a taxa acumulada é de 3,69%, abaixo dos 3,93% acumulados até março e dentro do limite de meta definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano: entre 1,5% e 4,5%.

Apesar da inflação manter uma tendência de queda, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu nesta semana o ritmo da queda da Selic, taxa básica de juros da economia brasileira. Ela caiu na quarta-feira (8) de 10,75% ao ano para 10,50% ao ano. O corte de 0,25 ponto foi menor do que o das últimas seis reduções e do que o esperado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nas últimas semanas, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já havia dado sinais de que a taxa Selic cairia menos do que 0,5 ponto porcentual. Segundo ele, o Brasil estaria novamente sob risco de alta da inflação por conta da queda do desemprego. Segundo Campos Neto, com menos pessoas procurando trabalho, empresas estão tendo dificuldades em contratar. Estão sendo então obrigadas a oferecer salários mais altos. Isso tenderia a elevar os custos de produção e, por fim, os preços, causando inflação.

Economistas de bancos, porém, veem a inflação em queda no Brasil. Eles estimam que o IPCA feche o ano em 3,71%. Há quatro semanas, a previsão era de 3,76%. No começo de 2024, era de 3,90%.

A taxa Selic é referência para a economia nacional. É também o principal instrumento disponível para o BC controlar a inflação no país. Quando ela sobe, empréstimos e financiamentos tendem a ficar mais caros. Isso desincentiva compras e investimentos, o que contém a inflação. Em compensação, o crescimento econômico tende a ser prejudicado.

Já quando a Selic cai, os juros cobrados de consumidores e empresas ficam menores. Há mais gente comprando e investindo. A economia cresce, criando empregos e favorecendo aumentos de salários. Os preços, por sua vez, tendem a aumentar por conta da demanda. Desde que assumiu o governo, o presidente Lula defende uma redução da Selic. Para ele, caso ela passe a cair de forma mais lenta, Campos Neto poderia ser culpado por um crescimento menor.

(Foto: MJ_Prototype/Getty Images)

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