Foram 450 mil devedores a menos em junho. Apesar da baixa, números ainda são altos. Quatro estados e no Distrito Federal têm mais de 50% da população adulta endividada
A inadimplência no Brasil teve queda pela primeira vez em 2023, de acordo com levantamento “Mapa da Inadimplência” divulgado nesta sexta-feira (21) pela Serasa Experian. Os dados são relativos a junho e anteriores ao início do Desenrola Brasil, programa do governo voltado para a renegociação de dívidas que começou nesta semana. De acordo com o estudo, houve uma redução de 450 mil pessoas da lista de negativados em relação a maio. São 71,45 milhões de brasileiros endividados ante os 71,90 milhões de maio, número próximo ao registrado em abril, quando 71,44 milhões estavam nesta situação.
É a primeira vez em 2023 que o levantamento aponta queda em relação ao mês anterior. A última vez que isso havia ocorrido fora em dezembro de 2022, único mês do ano passado em que uma diminuição foi registrada. Percentualmente a redução foi pequena, queda de 0,63%. Mas ela mostra uma mudança de tendência da taxa de inadimplência que bateu recordes seguidos de alta desde o início do ano.
“Apesar do cenário econômico ainda desfavorável, com inflação e juros altos, a primeira queda na inadimplência do ano representa um dado significativo e que pode sinalizar melhoras na saúde financeira dos consumidores”, avalia Aline Maciel, gerente do Serasa Limpa Nome.
A Serasa indica que os 34,8% dos devedores estão na faixa entre 41 e 60 anos, seguido de perto por pessoas entre 26 e 40 anos, que são 34,7%. Os brasileiros acima de 60 anos representam 18,1% do total. As mulheres são 50,3%, e os homens, 49,7%. O valor médio da dívida por pessoa é de R$ 4.846,15, alta de 0,78% em comparação com maio. A faixa de até R$ 5.000 será justamente a que o governo pretende contemplar na próxima etapa do Desenrola e está prevista para começar em setembro.
Nesta semana, teve início a chamada fase 2 do programa, que é voltada para renegociação de dívidas bancárias e deve ser feita diretamente entre o cliente e o banco, financeira, cooperativa ou sociedade de crédito. O acordo é permitido apenas para quem entrou na lista de negativados a partir de 1º de janeiro de 2019 e permaneceu nela até 31 de dezembro de 2022. A pessoa deve ganhar entre R$ 2.640 (dois salários mínimos) e R$ 20 mil mensal, terá prazo mínimo de 12 meses para pagar a dívida, que pode ser parcelada e ter taxa de juros a ser definida por cada banco.
O acordo é restrito a dívidas bancárias, não sendo permitido a negociação de débitos de outras origens como água, luz e outros serviços. Quem aderir ao programa também terá o nome limpo, caso tenha dívidas de até R$ 100 feitas entre 2019 e 2022. A medida deve ocorrer até o final de julho e será feita pelos bancos após o acordo.
Estados
Um dos números que chama a atenção no levantamento da Serasa é que quatro estados e o Distrito Federal têm mais de 50% da população adulta com dívidas. O Rio de Janeiro é o líder em percentual, com 52,80%. Ele é o único estado do Sudeste nesta situação, já que São Paulo tem 45,61%, Espírito Santo está com 40,39% e Minas Gerais, 39,42%.
O Amapá é o segundo estado com maior percentual de inadimplentes, com 52,72%, seguido por Amazonas (52,2%), Distrito Federal (52,05%) e Mato Grosso (50,33%). As regiões Nordeste e Sul não têm nenhum estado nesta relação. Do outro lado, o estado com menos endividados é o Piauí, com 36,18%, seguido por Santa Catarina (37,14%), Maranhão (38,82%), Rio Grande do Sul (39,22%), Paraíba (39,29%) e Minas Gerais.
Segundo o levantamento, a média nacional é de 43,78%. Doze estados e o Distrito Federal estão acima deste patamar, incluindo São Paulo, que tem 45,61%. As dívidas com bancos e cartões de créditos, alvos do Desenrola neste momento, são os motivos que mais levaram os brasileiros a dever com 31,13%, mas houve uma queda em relação a maio, quando atingiu 31,94% do total. Já as contas básicas como água, luz e gás são responsáveis por 22,07% e o varejo tem 11,44%.