Informação foi confirmada pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Imigrante foi isolado domingo (25) no Aeroporto Internacional de São Paulo após apresentar sintomas compatíveis com os da mpox
Um imigrante que estava retido no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, com sintomas compatíveis com mpox (antiga varíola dos macacos) foi diagnosticado com varicela, infecção viral mais conhecida como catapora. A informação foi confirmada na noite desta terça-feira (27) pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas, referência estadual para atendimentos graves de mpox, que recebeu o paciente encaminhado pela Anvisa, no último domingo (25).
Na data, o estrangeiro – que não teve a nacionalidade informada – foi encaminhado para isolamento e para realização de exames em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no bairro de Cumbica, segundo a prefeitura de Guarulhos. A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informou que o paciente está bem e segue em observação.
Até a noite de segunda-feira (26), 526 pessoas estavam retidas na área de imigração do terminal, de acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública. A pasta ressaltou ainda que o homem não é natural de regiões endêmicas de mpox, e que o atendimento a pacientes com suspeita ou diagnóstico da doença faz parte da rotina do Instituto.
“O paciente está bem e segue em observação. É importante ressaltar que o paciente não é oriundo de áreas endêmicas de mpox, e que o atendimento a pacientes com suspeita ou diagnóstico da doença faz parte da rotina do Instituto desde 2022”, afirmou o órgão.
Um alerta epidemiológico foi emitido pela Secretaria de Saúde do estado, na última sexta-feira (23), orientando e recomendando a intensificação das ações de vigilância e assistência de casos de mpox. Desde dezembro de 2023, Defensoria Pública da União acompanha a situação dos imigrantes no terminal 3 do aeroporto, em Guarulhos. Um imigrante morreu após sofrer infarto.
Na segunda-feira (26), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou que uma equipe do Posto da Anvisa no Aeroporto de Guarulhos foi acionada pelo serviço de saúde local após a identificação de um passageiro com sinais e sintomas compatíveis com mpox. Foi constatado de que o imigrante havia chegado ao aeroporto no dia 14 de agosto e estava na área restrita para pessoas que esperam por refúgio no país.
“O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de São Paulo (CIEVS-SP) foi imediatamente notificado e o caso foi encaminhado para isolamento e realização de exames no serviço de saúde do município de Guarulhos. Posteriormente, o paciente foi transferido para o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na capital paulista”.
Ainda conforme a Anvisa, o órgão entrevistou os outros viajantes no local, aplicou 397 questionários, mediu a temperatura e verificou sinais da doença na pele. Nenhum novo caso foi encontrado. Uma reunião convocada pelo Ministério Público Federal para analisar o caso dos imigrantes retidos no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, foi realizada na semana passada.
A Defensoria Pública da União pediu que seja criada uma sala de situação que monitore o fluxo de entrada e saída do país em tempo real. No encontro, também ficaram definidos os seguintes pontos:
- A GRU Airport se comprometeu a buscar modos para assegurar condições, com as companhias aéreas, de garantir acesso à higiene básica e alimentação de todos os migrantes retidos, em medidas que serão acompanhadas pela Defensoria Pública da União e pelo Ministério Público Federal;
- O Ministério da Justiça se comprometeu a encaminhar reforço de servidores para atendimento emergencial, tanto nos trabalhos de processamento dos protocolos de refúgio quanto para a segurança no local.
Participaram da reunião representantes de Polícia Federal, Ministério Público Federal, Ministério da Justiça, concessionária GRU Airport, Prefeitura de Guarulhos, Estado de São Paulo, senadora Mara Gabrilli (PSD) e gabinete do deputado Federal Túlio Gadelha (Rede). Segundo o procurador Guilherme Gopfert, foram chamados vários setores estratégicos que lidam com essa temática para tratar de medidas emergenciais.
“A gente sabe que não é um problema do aeroporto de Guarulhos, é um problema do Brasil, é um problema do estado brasileiro como um todo e, claro, que o estado tem que estar unido nessa hora pra poder enfrentar mais uma vez”, afirmou o procurador Guilherme Gopfert antes do encontro.
“Não devemos deixar normalizar essa situação. Que essa situação de crise humanitária não se perpetue. Esse é o nosso grande receio como Ministério Público Federal, que isso seja muito esporádico e não deixar que vire um novo normal”, ressaltou.
A Defensoria Pública da União (DPU) protocolou no dia 16 de agosto um documento com uma série de recomendações após constatar violação de direitos humanos. O documento foi encaminhado para a Polícia Federal, Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), governo de São Paulo e Prefeitura de Guarulhos após representantes encontrarem imigrantes dormindo no chão, sem agasalhos, além de uma crescente demanda por atendimento de saúde.
Segundo a Polícia Federal, foi registrada a morte de um imigrante de Gana após sofrer infarto no começo do mês de agosto. O homem chegou a ser levado ao Hospital de Guarulhos, mas não resistiu, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública. “Nós encontramos pessoas com sintomas gripais, pessoas reclamando de outros problemas de saúde. Muito frio porque muitas delas estão sem cobertor. É inverno em São Paulo. Aeroporto é um lugar frio, sem acesso à alimentação adequada, sem acesso a remédios, com dificuldades de fazer suas higienes diárias, banho, escovar dente. Então, há uma situação massiva de violação aos direitos fundamentais daquelas pessoas ali”, afirmou o defensor público Ed William Fuloni.
(Foto: Reprodução/CNN Brasil)