Ideologia de gênero, drogas, aborto. O que está por trás desse debate?

Um assunto que sempre volta ao noticiário político diz respeito à chamada pauta dos costumes. Com base nela as forças de direita, capitaneadas pelo ex-presidente Bolsonaro, conseguiram um grau de unidade nunca visto nas igrejas evangélicas, sobretudo as pentecostais e neopentecostais.
Os direitistas acusam o PT e Lula de serem a favor do aborto, da descriminalização das drogas e do casamento de pessoas do mesmo sexo. Com isso mobilizam a opinião pública conservadora contra as foças de esquerda.

Não importa que os governos progressistas tenham sido, inclusive, os que mais ajudaram a consolidação da liberdade de religião no País. Foi Lula que alterou o Código Civil para assegurar liberdade religiosa, instituiu o Dia Nacional dos Evangélicos e assinou o decreto legalizando a conhecida Marcha para Jesus. Sem falar que foi no seu governo que as igrejas mais estiveram lotadas e, consequentemente, tinham uma maior arrecadação de dízimos, até porque a parcela mais pobre da população, que mais frequenta as igrejas, ganhava melhor.
Nada disso parece importar. Tendo à frente lideranças religiosas com outros interesses, boa parte da comunidade evangélica se deixou envenenar pela chamada pauta de costumes, que, na realidade, é uma farsa!

O maior problema do País é a desigualdade social, provocada pela desigualdade na distribuição das riquezas. Como combater isso? Ora, distribuindo riquezas? O Brasil é o oitavo colocado em todo o mundo no que se refere a concentração de renda, segundo o Banco Mundial, e o primeiro na América Latina.

Segundo o Banco Mundial, 1% da população brasileira concentra 31% da renda. E 10% dos mais ricos concentram 59,34% da renda. Em contrapartida, os 50% que recebem menos abocanham apenas 9,8% da renda nacional. Essa é a causa das mazelas que enfrenta a maioria da população do Brasil, que, não por acaso, foi o último a abolir a escravidão.
Muito bem. Para que os mais ricos possam manter essa estrutura econômica injusta é preciso que tenham o poder político. Os muito ricos são uma pequena minoria em nossa sociedade. Não conseguiriam chegar ao poder e manter suas rédeas sem o apoio de milhões de pessoas de baixa renda.
Como conseguir o voto deles? Dizendo que vão concentrar ainda mais renda e riquezas? Claro que não. Se fizessem isso seriam varridos do mapa. Então, através de seus meios de comunicação, partidos, igrejas por eles controladas, influencers digitais, etc, inventam pautas que dividem os trabalhadores e escondem as verdadeiras causas da desigualdade social.
É preciso respeitar as convicções morais e religiosas dos diversos segmentos da sociedade. Mas tem objetivo claramente econômico tornar esse debate o carro-chefe dos nossos problemas. Mais que isso, permitir que a intolerância impossibilite o diálogo das pessoas sobre os verdadeiros problemas que impedem o desenvolvimento do País e uma distribuição justa das riquezas.

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