IBGE: um em cada cinco lares recebeu benefício do Bolsa Família em 2023

Em 2023, principal programa social do governo só não teve alcance maior do que Auxílio Emergencial no auge da pandemia, em 2020. Renda das famílias beneficiadas cresceu 42% frente a 2019

 

O número de lares brasileiros recebendo o Bolsa Família saltou de 16,9% em 2022 para 19,0% em 2023, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior proporção desde o início da série histórica da Pnad-C, iniciada em 2012. A abrangência só não supera a vista no Auxílio Emergencial, no auge da pandemia: em 2020, 23,7% dos domicílios do país recebiam o benefício de emergência.

A pesquisa também apontou que, entre 2019 e 2023, o rendimento per capita do grupo de domicílios que recebiam o Bolsa Família cresceu 42,4% (de R$ 446 para R$ 635), entre aqueles que não recebiam o benefício a variação foi de 8,6% (de R$ 2.051 para R$ 2.227). As regiões com o maior número de beneficiários seguem sendo Nordeste (35,5%) e Norte (31,7%). Os estados com maior parte dos domicílios beneficiados são o Maranhão (40,2%), Piauí (39,8%), Paraíba (38,8%) e Pará (36,8%). Os últimos da lista são Santa Catarina (4,5%), Rio Grande do Sul (8,6%), Paraná (9,2%) e São Paulo (9,4%).

O programa foi retomado em uma nova versão no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após ter sido transformado no Auxílio Brasil durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Desde o início da atual gestão, o governo petista vem fazendo um pente-fino na lista do benefício, o que já ocasionou o cancelamento de mais de 3 milhões de beneficiários e o bloqueio de 4,7 milhões.

De acordo com o IBGE, no ano de 2012, cerca de 16,6% dos domicílios do país recebiam o benefício do programa. Em 2019, ano que antecedeu a pandemia, essa proporção havia caído para 14,3%. No ano seguinte, com a presença do Auxílio Emergencial, a proporção de domicílios com beneficiários do Bolsa Família caiu para 7,2%, ao passo que os recebedores de outros programas sociais saltaram de 0,7%, em 2019, para 23,7% em 2020.

Já no ano 2021, logo após o Auxílio Emergencial passar por mudanças, o percentual de domicílios que recebiam Bolsa Família subiu para 8,6%, enquanto a proporção de outros programas sociais caiu para 15,4%. Em 2022, esse comportamento se intensificou, com o fim do Auxílio Emergencial e a substituição do Bolsa Família pelo Auxílio Brasil, chegando a 16,9% e superando o patamar de 2012.

Em março de 2023, o Auxílio Brasil deu lugar à nova versão do Bolsa Família, que manteve o valor mínimo de R$600 do programa anterior, que havia sido reajustado no segundo semestre de 2022, e incluiu novos benefícios de acordo com a composição familiar, o que provocou aumento do valor médio recebido. Inicialmente, o valor médio do Auxílio Brasil era de R$ 400.

Quando foi recriado, em 2023, o Bolsa Família adotou o valor mínimo de R$ 600 por mês. Também foram criados dois benefícios complementares, para crianças de até seis anos e jovens e gestantes. E foi reajustado o valor da linha de pobreza, para R$ 218, o que permitiu que mais famílias fossem incorporadas ao programa.

Com a ampliação dos beneficiários e o reajuste no benefício, o rendimento domiciliar médio por pessoa das famílias que recebem Bolsa Família foi de R$ 635 em 2023, alta de 14% ante 2022, atingindo o maior valor desde 2012. O avanço na comparação com 2019, último ano antes da pandemia, foi de 42,4%.

(Foto: Divulgação/MDS)

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