IBGE: Taxa de desemprego cai a 7,7% em setembro, menor nível desde 2015

Número de ocupados atingiu um patamar recorde na série histórica da Pnad, em 99,8 milhões de pessoas

 

A taxa de desemprego no Brasil manteve a tendência de queda no trimestre encerrado em setembro, recuando para 7,7%, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta terça-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse é o menor nível desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2015, quando o país registrou uma taxa de desemprego de 7,5%. Já na comparação com o mesmo trimestre, essa é a menor taxa registrada desde setembro de 2014, quando a Pnad registrou 6,9% de desemprego.

O resultado veio em linha com as expectativas do mercado, que calculavam uma taxa de 7,7% no período, segundo a mediana das estimativas da Bloomberg. O número de desempregados recuou 3,8% no trimestre, chegando a 8,3 milhões de pessoas. Já o número de ocupados atingiu um patamar recorde na série histórica da Pnad, iniciada em 2012: 99,8 milhões de pessoas. Na comparação com o trimestre anterior, o número de ocupados cresceu 0,9%, o que representa 929 mil pessoas a mais no mercado de trabalho.

Com isso, o número de pessoas ocupadas no mercado de trabalho chegou a 99,8 milhões, maior contingente observado na série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. “A queda na taxa de desocupação foi induzida pelo crescimento expressivo no número de pessoas trabalhando e pela retração de pessoas buscando trabalho no terceiro trimestre de 2023”, explica a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.

A maior parte desse aumento no número de ocupados veio da categoria de empregados com carteira assinada no setor privado, que, com o acréscimo de 1,6%, chegou a 37,4 milhões de trabalhadores.

Essa foi a única categoria investigada pela pesquisa que apresentou crescimento significativo. As demais permaneceram estáveis frente ao trimestre anterior. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento dessa categoria foi de 3,0%, 1,1 milhão de pessoas. No trimestre, o mercado de trabalho absorveu 631 mil trabalhadores formais e 299 mil informais. A taxa de informalidade chegou a 39,1% do total de ocupados, o que representa estabilidade frente ao trimestre encerrado em junho. Ao todo, foram estimados 39 milhões de trabalhadores informais no país.

 

Setores

Em relação aos setores econômicos analisados pela pesquisa, o único que registrou aumento significativo no seu número de ocupados foi o de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (3,5%, ou mais 420 mil pessoas).

“Embora essa atividade tenha se destacado no pós-pandemia por causa dos serviços de tecnologia da informação, agora tem registrado expansões seguidas não só relacionadas a esse segmento, mas também aos serviços de locação de mão de obra, administrativos, jurídicos e financeiros. Além disso, boa parte do crescimento do trabalho com carteira assinada no trimestre veio por meio dessa atividade”, ressalta a pesquisadora Adriana Beringuy.

As outras nove atividades ficaram estáveis na comparação com o trimestre móvel encerrado em junho.

 

Perfil

A maior parte do aumento no número de ocupados (587 mil pessoas) veio da categoria de empregados com carteira assinada no setor privado, que, com o acréscimo de 1,6%, chegou a 37,4 milhões de trabalhadores. Essa foi a única categoria investigada pela pesquisa que apresentou crescimento significativo. As demais permaneceram estáveis frente ao trimestre anterior. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento dessa categoria foi de 1,1 milhão de pessoas (3,0%).

Já o número de empregados sem carteira no setor privado (13,3 milhões) ficou estável no trimestre e no ano. O número de trabalhadores por conta própria (25,5 milhões de pessoas) também ficou estável frente ao trimestre anterior e ao mesmo período do ano passado, assim como o número de trabalhadores domésticos (5,8 milhões de pessoas).

 

Subutilização e desalento

A taxa composta de subutilização (17,6%) ficou estável no trimestre (17,8%) e caiu 2,5 ponto percentual ante o mesmo trimestre de 2022 (20,1%). Foi a menor taxa desde o trimestre encerrado em dezembro de 2015 (17,4%).

A população subutilizada (20,1 milhões de pessoas) ficou estável no trimestre e recuou 14,0% frente ao mesmo período de 2022. Foi o menor contingente desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2016 (19,983 milhões).

Já a população desalentada (3,5 milhões) caiu 4,6% ante o trimestre anterior (menos 168 mil pessoas) e 17,7% (menos 755 mil pessoas) no ano. Foi o menor contingente desde o trimestre encerrado em setembro de 2016 (3,5 milhões).

O percentual de desalentados na força de trabalho ou desalentada (3,1%) caiu 0,2 ponto percentual no trimestre e recuou 0,6 ponto percentual no ano. Foi a menor taxa desde o trimestre encerrado em julho de 2016 (3,1%).

 

Rendimento salarial

O rendimento médio real foi estimado em R$ 2.982, um crescimento de 1,7% em relação ao trimestre encerrado em junho e de 4,2% frente ao mesmo período do ano passado.

“Na comparação com o trimestre anterior, houve aumento no rendimento médio dos empregados com carteira no setor privado, empregados no setor público e trabalhadores por conta própria. Entre as atividades, houve expansão significativa do rendimento dos trabalhadores da indústria e da administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais”, diz Beringuy.

Já a massa de rendimento atingiu novamente o maior patamar da série histórica da pesquisa, ao ser estimada em R$ 293 bilhões. Frente aos três meses anteriores, o aumento foi de 2,7%.

“Diante de uma expansão da população ocupada, temos como resultado o aumento da massa de rendimento real. Essa alta pode ter influência da maior participação de trabalhadores formais no mercado de trabalho, que têm, em média, rendimentos maiores”, analisa a pesquisadora.

(Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo)

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