Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), afirmou neste domingo (25) que praticamente todos os incêndios registrados em vários estados brasileiros, com centenas de focos, são criminosos.
A autoridade ambiental federal explicou que são muito raros os casos de focos espontâneos, mesmo aqueles provocados por acidentes, e que tal volume de ocorrências, inclusive as registradas por todo o território paulista, são provocados propositalmente, até porque eles vêm acontecendo na mesma hora.
A Polícia Federal foi acionada pelo órgão para investigar os eventos.
“Quase todo incêndio no Brasil é criminoso. Não temos incêndio espontâneo e são raros os casos de acidente, como um caminhão que pegou fogo, ou uma queda de um cabo de alta tensão. Em São Paulo, há uma desconfiança de que tudo foi organizado, pois os focos aconteceram praticamente no mesmo horário”, declarou o presidente do Ibama ao diário carioca O Globo.
Agostinho disse ainda que a baixa umidade do ar, naturalmente, colabora para que as chamas se alastrem e explicou que mesmo com o desmatamento em queda acentuada, muitas pessoas ateiam fogo em áreas já desmatadas para que elas assim permaneçam.
“De maneira geral, a situação climática não ajuda. A umidade está baixíssima. Embora o desmatamento tenha caído bastante, há um estoque de áreas desmatadas ao longo da última década e as pessoas ateiam fogo para mantê-las assim”, acrescentou.
Novo “dia do fogo”
As forças de segurança de São Paulo prenderam em flagrante desde sábado (24) dois homens que estavam botando fogo deliberadamente na vegetação, gerando novos focos de incêndio. Uma prisão foi na região de São José do Rio Preto, enquanto o outro foi numa área de mata no centro de Batatais, na região de Ribeirão Preto.
No segundo caso em questão, um mecânico de 42 anos foi preso após denúncia anônima. Ele estava com uma garrafa de gasolina e isqueiro, e em seu celular havia vídeos com o registro de incêndios criminosos provocados por ele na região, inclusive sendo comemorados pelo sujeito.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse a jornalistas neste domingo (25), em Brasília, que tudo indica que as centenas de focos de incêndio espalhados pelo Brasil, sobretudo no estado de São Paulo, não são ocorrências naturais, tampouco coincidências.
“Tem uma situação atípica. Você começa a ter em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo. Isso não faz parte da nossa curva de experiência na nossa trajetória de tantos anos de abordagem do fogo… Do mesmo jeito que nós tivemos o ‘dia do fogo’, há uma forte suspeita de que agora esteja acontecendo de novo”, afirmou a ministra do Meio Ambiente em entrevista coletiva, aludindo ao evento ocorrido há cinco anos.
Em relação aos fatos ocorridos em São Paulo, a ministra foi ainda mais categórica, uma vez que tal ocorrência seria impossível de acontecer naturalmente naquele território.
“Em São Paulo não é natural, em hipótese alguma, que, em poucos dias, você tenha tantas frentes de incêndio envolvendo concomitantemente vários municípios. Mas obviamente isso aí são as investigações que vão dizer”, completou Marina Silva. (Foto: Redes sociais/Reprodução)