Hugo Motta desponta como favorito para a cadeira de Lira

Desistência de Marcos Pereira e entrada do deputado da Paraíba altera corrida pela presidência da Câmara

 

A corrida pela sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara em fevereiro de 2025 ganhou mais um forte competidor nesta semana: o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). Bom articulador, nesta quarta-feira (4) ele esteve reunido, notavelmente, com os dois polos do cenário político do País: Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A entrada de Motta no páreo foi anunciada pelo presidente nacional de seu partido, Marcos Pereira (SP). Em entrevista ao jornal O Globo , Pereira disse que desistiu de concorrer ao cargo para apoiar o colega de sigla, sob a justificativa de buscar uma “solução consensual” para liderar o Parlamento.

“O presidente Lula não apresentou resistência, disse que não interferiria no processo de escolha da Câmara. Disse que precisava conversar com o Hugo e apenas questionou se ele não era muito novo, por ter 34 anos. Disse a ele que eu era o avalista desta campanha. Já o presidente Lira disse ser uma boa opção e que trabalharia para viabilizar o nome”, declarou Marcos Pereira na entrevista.

Nos dois encontros que sucederam essa declaração, Hugo Mota foi questionado sobre as suas relações com a direita e a esquerda, numa espécie de sabatina informal para se cacifar ao pleito de fevereiro do ano que vem. Articuladores ouvidos pela reportagem disseram que a reunião com Lula foi marcada por questionamentos sobre o seu passado de alinhamento ao ex-comandante da Casa Eduardo Cunha, algoz do impeachment de Dilma Rousseff. Motta votou pelo afastamento da ex-presidente em 2016 e, antes, chegou à Câmara sob as bênçãos de Cunha, em 2010.

Motta disse a Lula que seus posicionamentos em relação ao impeachment são justificados pelo fato de, à época, integrar o MDB. O partido que se posicionou pela perda do mandato e tinha como uma das principais figuras o vice Michel Temer, que assumiu o posto com a saída de Dilma. Motta negou que o bom relacionamento com Cunha implique em apoio incondicional ao ex-deputado. Lula não teria apresentado resistência ao seu nome.

A relação de Motta com o hoje senador Ciro Nogueira (PP-AL), ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, também foi debatida com Lula. Marcos Pereira defendeu que os vínculos de Motta com adversários do PT eram “assunto superado”, e que não atrapalham a empreitada do aliado.

Já no encontro com Bolsonaro, também nesta manhã, Motta ouviu perguntas sobre um eventual alinhamento com a base governista. A reunião ocorreu na casa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira, esteve presente, assim como o primogênito de Bolsonaro. Motta, que já era um nome de simpatia do trio, apenas foi questionado em relação ao seu eventual apoio ao governo Lula.

Motta teria prometido não se esquecer da oposição, e prometeu manter uma postura de “independência e defesa dos interesses da Casa”. Marcos Pereira afirmou nesta quarta-feira que Arthur Lira (PP-AL), atual ocupante da presidência da Câmara, disse que vai trabalhar a favor de Motta. “O presidente Lula não apresentou resistência, disse que não interferiria no processo de escolha da Câmara. Disse que precisava conversar com o Hugo e apenas questionou se ele não era muito novo, por ter 34 anos. Disse a ele que eu era o avalista desta campanha. Já o presidente Lira disse ser uma boa opção e que trabalharia para viabilizar o nome”, afirmou Pereira.

 

Perfil

Hugo Motta tem 34 anos, está no quarto mandato como deputado federal pela Paraíba e é vice-líder do bloco formado por MDB (partido ao qual já foi filiado), PSD, Republicanos e Podemos na Câmara. Foi eleito pela primeira vez aos 21 anos, com mais de 86 mil votos.

Natural de João Pessoa, o parlamentar participou da campanha de José Maranhão ao governo da Paraíba em 2006 e vem de uma família tradicional de políticos do estado. Trabalhou nas campanhas do pai, Nabor Wanderley da Nóbrega Filho, atual prefeito de Patos, que disputa seu terceiro mandato neste ano.

O avô paterno, Nabor Wanderley, também governou a cidade entre 1956 e 1959. Seu avô materno foi deputado estadual cinco vezes e duas vezes deputado federal. Já sua avó materna, Francisca Motta, está no sexto mandato como deputada estadual. Motta é vice-presidente nacional do Republicanos e presidente estadual do partido. Ele esteve à frente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara em 2014 e presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, em 2015, além da Comissão Especial que analisou o projeto de privatização da Eletrobras em 2018.

(Foto: Divulgação)

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