“Horizonte do BC é de médio e longo prazo. Não faz muito sentido levar em consideração o que está acontecendo em função do Rio Grande do Sul para fim da política monetária”, disse
O ministro da Fazenda Fernando Haddad comentou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada nesta terça-feira (25). Ele afirmou que apenas passou os olhos, mas que está havendo uma interrupção do ciclo de cortes. Também afirmou que a “pressão inflacionária está relacionada aos últimos acontecimentos do Rio Grande do Sul não deveria ser levada em consideração pelo Copom.”
Nesta reunião o Copom manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 10,5%, interrompendo a sequência de cortes nos juros. “Acredito que tem uma pressão, uma pequena pressão inflacionária em função do que aconteceu no Rio Grande do Sul. Essa é uma inflação que afeta o curto prazo”, disse o ministro.
No entanto, Haddad frisou que o horizonte do Banco Central é voltado para o médio e longo prazo, sugerindo que as atuais condições climáticas no sul não devem ser consideradas na formulação da política monetária. “O horizonte do Banco Central é de médio e longo prazo. Não faz muito sentido levar em consideração o que está acontecendo em função do Rio Grande do Sul para fim da política monetária. Porque o juro de hoje está afetando 12, 18 meses para a frente”, ressaltou.
A ata do Copom indicou que a diretoria do BC está preocupada com as incertezas sobre os efeitos econômicos da tragédia no Rio Grande do Sul. O documento ressaltou que ainda há dúvidas sobre a intensidade da queda na atividade econômica e sua recuperação subsequente, bem como sobre a redução do estoque de capital resultante das enchentes e inundações.
Em sua última reunião, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros, a Selic, inalterada em 10,50% ao ano. A decisão foi tomada em meio à aceleração da inflação no país, influenciada pelo aumento dos preços dos alimentos e pela valorização do dólar. Com isso, o BC interrompeu temporariamente o ciclo de cortes de juros, mantendo a Selic em 10,50% ao ano até a próxima reunião do Copom, agendada para 30 e 31 de julho.
Haddad avaliou positivamente a ata do Copom, afirmando que o documento está alinhado com o comunicado emitido pelo BC, o que, segundo ele, é um sinal de transparência e de avaliação do cenário econômico. “Isso transmite a ideia de que está havendo uma interrupção para avaliar o cenário interno e externo, para que o Copom fique à vontade para tomar decisões a partir de novos dados.”, explicou o ministro.
Questionado sobre a possibilidade de a Selic voltar a subir após meses de cortes, Haddad reforçou que o documento do BC sinaliza apenas uma interrupção no processo de redução dos juros. “Eventuais ajustes, se for necessário, sempre vão acontecer. O que é importante frisar é que a diretoria [do Banco Central] fala numa interrupção do ciclo [de cortes dos juros] e me parece que essa é uma diferença importante para se salientar”, concluiu.
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)