Haddad admite que inflação deve aumentar por causa da seca

Ministro diz que está “um pouquinho preocupado” com os efeitos da seca sobre alimentos e energia, mas que esse problema “não se resolve com juros”. Copom se reúne na semana que vem para decidir sobre Selic

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (11) que a seca prolongada terá impacto no preço dos alimentos e que a inflação “preocupa um pouquinho”. O ministro, no entanto, ponderou que a solução para este eventual aumento não pode ser a elevação dos juros pelo Banco Central. A taxa Selic hoje está em 10,5%.

“A inflação preocupa um pouquinho, sobretudo em virtude do clima. Estamos acompanhando a evolução dessa questão climática. Efeito do clima sobre preço de alimentos e, eventualmente, preço de energia, faz a gente se preocupar com isso”, pontuou Haddad a jornalistas nesta quarta.

“Mas essa inflação advinda desse fenômeno, não se resolve com juro. Juro é outra coisa. Mas o Banco Central está com um quadro técnico bastante consistente para tomar a melhor decisão, e vamos aguardar o Copom da semana que vem”, prosseguiu o ministro.

As expectativas desancoradas e dados de economia aquecidas vem motivando previsões do mercado de alta na taxa Selic na próxima reunião do Copom, marcado para os dias 17 e 18 de setembro. Segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (9), economistas do mercado financeiro preveem que a Selic suba dos atuais 10,5% para 11,25% ao ano no fim de 2024. Para a reunião da semana que vem, a aposta é que a alta seja de 0,25 ponto percentual.

“O Banco Central está com um quadro técnico bastante consistente para tomar a melhor decisão, e nós vamos aguardar o Copom da semana que vem”, afirmou o ministro.

Em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado para observar o comportamento da inflação, ficou negativo em 0,02%. O resultado veio menor que o esperado pelos analistas de mercado, que calculavam alta de 0,01%. Foi a primeira deflação desde junho de 2023.

Nesta quarta, o ministro da Fazenda ainda declarou que o Ministério da Fazenda deve rever a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Segundo Haddad, os cálculos do governo indicam que o PIB do país deve crescer acima de 3% em 2024.

“Estamos fechando a grade e devemos divulgar essa semana, mas acredito que o piso de 3% já está basicamente contratado, bastante consistente e com impacto na economia”,  indicou o ministro.

A revisão da projeção acontece após um desempenho da economia acima das expectativas no segundo trimestre deste ano. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o PIB avançou 1,4% no período em comparação com o trimestre anterior. Analistas esperavam um avanço de 0,9% do PIB ante o primeiro trimestre, segundo pesquisa do jornal Valor que captou as estimativas de 80 instituições financeiras e consultorias de mercado.

(Foto: Diogo Zacarias/MF)

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